Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social considera que foi um «sinal de esperança» dado aos europeus
Santarém, 08 mai 2021 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. José Traquina, disse hoje à Agência ECCLESIA que o Compromisso Social do Porto é um “sinal de esperança” e aponta à “fraternidade europeia”.
“Considero que as conclusões desta cimeira social são um sinal de esperança dado ao europeus, de que existe um entendimento entre os líderes, dos governantes dos países, no sentido de marcar a Europa nos próximos dez anos, num esforço comum, num desenvolvimento mais homogéneo, mais abrangente”, afirmou em declarações à Agência ECCLESIA.
D. José Traquina destacou a “vontade expressa dos governantes, na sua totalidade” ao assinarem o documento “Compromisso Social do Porto”, como marca de esperança e recorda que “há quatro anos já se pensava que a UE não tinha futuro”.
“Esta etapa constitui uma afirmação da União Europeia e considero interessante para o futuro porque aponta para uma fraternidade europeia”, refere.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social reconhece que houve uma influência deste tempo de pandemia, que solicitou “união de esforços e uma aprendizagem ao mais alto nível”, e foi possível perceber que a “Europa subsiste uns com os outros e, claramente, não é com a autossuficiência de cada país”.
“Há uma dimensão que me agrada, que o desenvolvimento não é apenas uma palavra de estímulo ou um desejo, mas há consciência que é preciso mudar o registo no que diz respeito à economia, sem ser apenas financeira mas mais social”, aponta.
O prelado reconhece que o Papa Francisco, através da ‘Laudato Si’ e da ‘Fratelli Tutti’, teve “uma dimensão profética nos seus ensinamentos” e colocou a “mão na ferida”, com a necessidade de “cuidar do mundo, planeta, mas também das pessoas que nele habitam”.
Quanto à concretização dos objetivos no panorama nacional, D. José Traquina chamou a atenção para a “coesão territorial”, realidade que “precisa de ser cuidada”, pois sendo Portugal um país pequeno, “há muitas regiões diferentes, zonas muito ricas e zonas muito pobres”.
“Veja-se um exemplo que vim a saber que as nossas zonas transfronteiriças, Portugal e Espanha, são das mais pobres de toda a Europa, compete a quem governa e às autarquias cuidar desta realidade; se queremos desenvolvimento integrado é preciso pensar local e regionalmente”, sustenta.
A Cimeira Social teve lugar esta sexta-feira, no Porto, no contexto da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, e visa aprovar o programa com medidas concretas para executar o Pilar Social Europeu, texto não-vinculativo de 20 princípios que visa promover os direitos sociais na Europa, aprovado em Gotemburgo (Suécia), em novembro de 2017.
Um plano de ação que transforma os princípios em ações concretas e propõe metas até 2030, onde se destaca que, “pelo menos, 78 % da população, entre os 20 e os 64 anos, deverão estar empregadas”, apostar na formação, e a redução de, “pelo menos,15 milhões de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social”.
SN