«O ser humano é a coroa da criação, mas a nossa tarefa é guardar a terra, protegê-la, trabalhar, e usufruir, mas de modo sustentável» – D. Paulo Jackson de Sousa

Amadora, 12 set 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Olinda e Recife destacou “três vertentes muito importantes” para mobilizar e sensibilizar as comunidades católicas para a COP30, a Cimeira do Clima da ONU, na ausência de compromisso político as instituições “podem suscitar um grande tsunami”.
“As grandes discussões das COP’s, se estiverem com os Presidentes da República dos vários países, se assumirem todos, teremos alguma solução. Mas, infelizmente, têm sido boicotadas reiteradamente por vários chefes de Estado de muitos países”, disse o segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), esta sexta-feira, aos jornalistas, no XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos.
A COP30 vai realizar-se no Brasil, D. Paulo Jackson de Sousa observou que “muitos Chefes de Estado não estarão presentes e não assumem as consequências e os resultados” das Cimeiras do Clima, por isso, “a única saída” é apostar no processo, “envolvendo o maior número possível de pessoas, de entidades, de instituições”, e recordou que o Papa Francisco dizia que ‘os processos, às vezes, são mais importantes do que os resultados’,
“E fazermos devagarinho o trabalho miúdo de formiguinha. Um dia, com a graça de Deus, todos, pela via da beleza ou pela via do sofrimento, vamos nos conscientizar da gravidade e da atualidade desse tema”, acrescentou, em declarações no Seminário de Alfragide.
“Quando ferimos a criação, estamos ferindo o Criador. É impossível, hoje, viver neste mundo sem termos em conta a gravidade das mudanças climáticas que têm consequências diretas sobre a nossa vida quotidiana.”
Segundo o arcebispo brasileiro, as instituições que “trabalham miudamente” nos países com esta temática do ambiente, “gradativamente, podem suscitar um grande tsunami”, começa com uma onda, vai crescendo, e um dia será “um tsunami de consciência da gravidade e da temática e das consequências que podem ser desastrosas”.
“Sem a compreensão do consumo, da produção, e do descarte, e que consequências práticas, quotidianas, tem na nossa vida pessoal e familiar, não haverá mudança nunca. Infelizmente, os que mais poluem, muitas vezes, não assumem as responsabilidades, às vezes, os mais pobres são os mais afetados e são os que mais sofrem”, desenvolveu o responsável da Diocese brasileira de Olinda e Recife, alertando para “o problema da justiça ecológica”, que o Papa Francisco escreveu na Exortação Apostólica ‘Laudate Deum’.
O Brasil vai acolher a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, entre os dias 10 e 21 de novembro, na cidade de Belém, no estado do Pará.

D. Paulo Jackson de Sousa, que é o segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, explicou como estão a envolver as comunidades católicas na COP30 através de “três vertentes muito importantes”, a primeira é conhecer os três documentos publicados no pontificado de Francisco, nomeadamente, a encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’ (2015), a exortação apostólica pós-sinodal ‘Querida Amazónia’ (2020), e a ‘Laudate Deum’ (2023).
“Segundo, nós estamos fazendo o que chamamos de ‘Pré-COPs’. O Brasil está dividido em 19 regionais, e algumas regiões estamos organizando conferências, encontros com várias entidades, organismos, leigos para discutir, para refletir sobre a temática da COP30”, explicou.
Em terceiro, acrescentou, destacou o trabalho conjunto realizado com o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e as Conferências Episcopais de África e da Ásia, que lançaram um “apelo por justiça climática e a casa comum”.
“A nível diocesano, muito local”, cada diocese através das agências ou das pastorais sociais deste setor têm ajudado “os leigos e leigas, o povo de Deus, a compreender que a ecologia, a criação, tem a ver diretamente com a fé”, o que “não está claro para todo o mundo”.
“O ser humano é a coroa da criação, mas a nossa tarefa é guardar a terra, protegê-la, trabalhar e usufruir do fruto da terra, mas de modo sustentável, de modo que a terra não venha a exaurir-se”, realçou o arcebispo de Olinda e Recife.
OC/CB