Responsáveis católicos estiveram reunidos na Áustria e evocaram vítimas do nazismo
Lisboa, 16 abr 2013 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI), do Vaticano, apelou ao fim dos “preconceitos” e da discriminação que atingem a população cigana.
“Face às situações de discriminação e de indiferença a que os ciganos estão sujeitos, face à precariedade das suas condições de vida e às fracas oportunidades de educação e de trabalho que se lhes oferecem, o primeiro a fazer consiste em derrubar as cidadelas, eliminar as barreiras e arrancar pela raiz os preconceitos”, referiu o cardeal António Maria Veglió, numa mensagem aos participantes no Encontro do CCIT (Comité Católico Internacional para os Ciganos) hoje enviada à Agencia ECCLESIA.
Os143 participantes de 21 países, incluindo Portugal, estiveram reunidos em Pinkafeld, leste da Áustria, entre sexta-feira e domingo.
Para o presidente do CPPMI é necessário que “cada um assuma as suas responsabilidades e se empenhe com generosidade em garantir o pleno respeito pela dignidade dos ciganos e pelos seus direitos, com amor, na justiça, na paz e na solidariedade”
“Não devemos ter medo de nos deixarmos comprometer com paixão, de agir com bondade, de tomar – como Jesus – o rosto do outro nas nossas mãos e de o acolher com ternura”, referiu o cardeal Veglió.
Os participantes no encontro do CCIT tiveram a oportunidade de visitar um monumento aos ciganos vítimas do ‘Porrajmos’ (expressão em língua romani), a tentativa de extermínio pelos nazis durante a II Guerra Mundial (12939-1945).
O grupo Burgenland-Roma estabeleceu-se na Áustria no século XV e foi o que mais sofreu com o extermínio nazi.
“O desemprego entre eles é muito elevado. Felizmente, os jovens orientam-se para boas formações”, referiu Monika Scheweck, responsável pela Pastoral dos Ciganos na Diocese de Eisenstadt, onde o encontro se realizou.
Os responsáveis do CCIT reuniram-se ainda com o padre Wolfgang Pucher, que acolhe em Graz, a segunda maior cidade da Áustria, ciganos vindos da Eslováquia e que se dedicam à mendicidade.
O sacerdote criou o projeto ‘Vinzipasta’, uma fábrica de massas, e dinamiza uma rede de acolhimento para as populações ciganas que vivem na “miséria”.
Wolfgang Pucher conta a sua história num livro intitulado ‘Rebell der Nächstenliebe’ (Rebelde do Amor ao próximo), que os responsáveis católicos querem publicar em Portugal.
O encontro do CCIT contou com a presença de uma delegação da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos e dos secretariados diocesanos de Lisboa e do Porto.
Na última assembleia plenária da Conferência episcopal, que decorreu entre os dias 8 e 11 deste mês, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. Jorge Ortiga, alertou para a necessidade de “uma maior atenção” à “realidade cigana” e realçou que “os preconceitos criaram barreiras que impedem o acesso dos ciganos a muitos setores da vida da sociedade e até mesmo às comunidades católicas”.
OC