Conclusões do encontro nacional referem «total desconhecimento e falta de sensibilidade» perante comunidades gitanas
Viana do Castelo, 26 nov 2012 (Ecclesia) – A Igreja tem “os mesmos estereótipos e preconceitos” da sociedade portuguesa em relação aos ciganos, sublinham as conclusões do 39.º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos, enviadas hoje à Agência ECCLESIA.
O documento final da iniciativa realizada pela Igreja Católica entre sexta-feira e domingo, em Viana do Castelo, salienta que a atenção à população cigana “continua a ser uma realidade omissa na maioria das dioceses e paróquias”.
O texto sublinha o “total desconhecimento e falta de sensibilidade” por parte dos católicos relativamente aos ciganos e refere que “muitas vezes, são os leigos, com total desconhecimento dos párocos, que criam barreiras” entre as comunidades gitanas e a Igreja.
A “omissão” existente “na maioria” das estruturas católicas no que respeita ao acompanhamento dos ciganos refletiu-se no facto de “só” sete das 20 dioceses territoriais de Portugal terem estado presentes no encontro.
Os 35 participantes recomendam às dioceses e paróquias “uma maior atenção às realidades que estão à margem, recordando que a rejeição ou exclusão, seja de quem for, dentro da Igreja, é o maior contratestemunho da vida cristã”.
“Desafiamos as dioceses e paróquias a promoverem uma pastoral de proximidade, de escuta e de participação na vida dos ciganos, partilhando com eles o anúncio do Evangelho”, aponta o documento.
A “estrutura de gabinete e de prestação de serviços, onde se espera pelos clientes para atendimento”, atualmente dominante nas paróquias, deve dar lugar a uma “reestruturação” que “permita ir ao encontro dos que estão fora” das comunidades católicas.
As conclusões observam também que a formação dos sacerdotes, religiosos e religiosas “deveria contemplar as realidades marginais à própria Igreja”.
Os responsáveis concordam que “a escolarização dos ciganos é o primeiro meio para os ajudar a saírem da situação de marginalização e de gueto” mas constatam “ que alguns projetos educativos correm o risco de se transformarem em simples experiências” ao não garantirem a sua continuidade.
O encontro contou com a presença dos bispos D. Anacleto Oliveira, responsável pela Diocese de Viana do Castelo, e D. Manuel Linda, auxiliar da Arquidiocese de Braga, em representação da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, entidade que coordena a Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, organizadora da iniciativa.
As jornadas, subordinadas ao tema ‘Anúncio da Fé na Realidade Cigana’, tiveram a participação de delegados das dioceses de Lisboa, Porto, Aveiro, Guarda, Portalegre-Castelo Branco, Viana do Castelo e Viseu, bem como do presidente da autarquia vianense, José Maria Costa, que assistiu à abertura dos trabalhos.
RJM