A licenciatura em Ciências Religiosas poderá, já em 2008, ser frequentada através da Internet, por e-learning. Quem o garante o o director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, o Pe. Peter Stilwell, que adianta ao Programa Ecclesia estar a trabalhar nesse sentido. “Esta é uma área importante para os professores de religião e moral, pois uma boa parte deles não tem uma formação sistemática, nem grau em Ciências Religiosas, por isso seria um forte apoio do ponto de vista de integração no sistema de ensino”, garante. Por outro lado “julgamos que a licenciatura em Ciências Religiosas seria importante para uma realidade crescente dos leigos que estão ao serviço da Igreja, em cargos de cada vez maior responsabilidade e que muitas vezes não têm uma formação sistemática e aprofundada”. O projecto poderá arrancar, com o primeiro ano, em Outubro de 2008 e utilizando “a rede dos Institutos existentes ou núcleos a criar pelo país”, explica o Pe. Peter Stilwell. Existem Institutos Superiores de Teologia em Évora, Coimbra, Viseu, Aveiro e “seria necessário tocar zonas com problemas de interioridade, como é o caso de Bragança, ou das Ilhas e constituir esta rede”. Está em causa a valorização desta área “para que as dioceses criassem um dinamismo local de formação. Sabemos que há núcleos de pessoas com formação na área teológica, filosófica e pastoral e seria um desperdício que a Igreja não valorizasse esses talentos”, sublinha o director da Faculdade de Teologia. Este passo “seria importante, não só para a Faculdade de Teologia, mas porque gostaríamos que a Igreja em Portugal tivesse uma formação mais adequada aos nossos tempos, em que tudo se funda na formação superior”, apesar “do muito a desenvolver no país para nos aproximarmos da Europa”, regista. Os Institutos já existentes “têm finalidade diferentes”. O ISCRA, em Aveiro, apostou já no ensino à distância “mas em articulação com uma universidade espanhola. O Instituto superior de Teologia de Évora procura articular uma formação de leigos com a formação do clero, já que as dioceses do sul, que esse instituto serve tem poucas vocações”, havendo aqui uma abertura ao laicado. Em Viseu, houve em tempos uma articulação com a Faculdade de Teologia, “a chamada filiação, prevista pela Santa Sé para lugares de missão”. Significa que aqueles que frequentam esses Institutos têm de ser pessoas que se preparam para o sacerdócio. “Na prática não podem servir um laicado mais alargado”, aponta o Pe. Peter Stilwell, que adianta a necessidade de “alterar esses estatutos. Isto implica estudar quais as exigências canónicas, como se resolvem as questões que cada um destes institutos coloca e a necessidade de eventualmente criar algo do mesmo género, no Funchal e nos Açores”. Neste sentido, o director da Faculdade de Teologia aponta a necessidade de “um estudo sobre a articulação destes vários institutos entre si e como é que a Faculdade de Teologia pode dar-lhes um núcleo suficientemente denso e enquadrado para que se possa dar licenciaturas a pessoas que frequentem esses institutos ou o ensino à distância com uma parte presencial”. O Pe. Peter Stilwell avança ainda que os resultados dos cursos de Síntese Catequética Avançada e de Turismo e Património Religioso registam uma participação muito positiva. A Síntese Catequética Avançada tem uma participação que ronda os 100 alunos. “No primeiro ano o número foi superior”, um facto que o Director da Faculdade de Teologia atribui à curiosidade inicial. Já no curso de Turismo e Património Religioso houve dificuldades maiores. Sendo uma pós-graduação com várias unidades curriculares “as pessoas têm menos disponibilidade em termos económicos e as pessoas não vêem a sua aplicação profissional mais imediata”, porque adianta o Pe. Peter Stilwell “no turismo neste momento não se valoriza a formação dos agentes”. Nos últimos três anos o e-learning congregou cerca de 500 pessoas em formação “o que é muito positivo”, finaliza o director da Faculdade de Teologia.
