William D. Phillips, Nobel de Física em 1997 pelo desenvolvimento de método para arrefecer e fixar átomos com laser de luz, foi um dos 13 intelectuais que a Fundação John Templeton convidou a pronunciarem-se sobre a possibilidade da crença em Deus na era da ciência. À pergunta sobre a ciência torna obsoleta a crença em Deus, o cientista responde com um firme “não”. “Agora que temas explicações científicas para os fenómenos naturais que os nossos ancestrais mistificaram, muitos cientistas e não-cientistas acreditam que não há necessidade de apelar a um Deus sobrenatural para explicações de qualquer tipo, tornando, por isso, Deus obsoleto”, escreve. Quanto às pessoas de fé, diz Phillips, nota-se em muitas delas a crença de que “a ciência, ao oferecer as referidas explicações, se opõe ao seu entendimento de que o universo é uma criação de amor e com propósito de Deus. Como a ciência nega a sua crença fundamental, concluem que ela está errada”. “Estes são pontos de vista muito diferentes que partilham uma convicção comum: ciência e religião são inimigos irreconciliáveis. Mas não o são”, assinala. Para este um físico dos Estados Unidos da América, de 68 anos, existe “um universo que, a ter sido construído de forma ligeiramente diferente, nunca teria visto nascer estrelas e planetas, muito menos bactérias e pessoas”. “Não há uma boa razão científica para que este universo não fosse diferente. Muitos bons cientistas concluíras, destas observações, que um Deus inteligente deve ter escolhido criar este universo com tantas propriedades lindas, simples e criadoras de vida”, aponta. William Phillips admite, contudo, que “muitos cientistas, igualmente bons, são ateus” e que “ambas as conclusões são posições de fé”. Recentemente, recorda, o filósofo e ateu Anthony Flew mudou a sua posição e decidiu que, baseada nesta evidência do universo, devia acreditar em Deus. Para Phillips, estas não são, ainda assim, as questões que decidem a fé. “Eu acredito em Deus porque sinto a sua presença na minha vida, porque vejo a evidência da sua bondade no mundo, porque acredito no amor e acredito que Deus é amor”, conclui.