A encíclica de Bento XVI, publicada esta Terça-feira, envia "um forte sinal aos líderes mundiais. O Papa afirma que a actual crise financeira mostra que a economia não deveria ser um processo independente da moral e dos sistemas políticos".
"Centrar apenas no lucro e nos interesses individuais conduziu-nos a consequências viciantes", afirma a CIDSE, plataforma de organizações católicas para o desenvolvimento, sediada em Bruxelas. "A economia deveria servir o interesse público e os interesses pessoais não se deveriam sobrepor ao interesse comum".
O Papa lança um apelo forte à "responsabilidade individual e da sociedade para uma economia de justiça". Um alerta que se relaciona "directamente com o trabalho da CIDSE, enquanto aliança entre organizações católicas para o desenvolvimento".
A CIDSE "sente-se apoiada pelo forte apelo do Papa para um desenvolvimento e progresso económico baseado na ética e na justiça, que coloque o homem no centro".
O Presidente da CIDSE, René Grotenhuis, afirma que o Papa urge uma forte reforma do sistema internacional económico e financeiro de forma a alcançar uma solução "maior para os problemas dos países em vias de desenvolvimento, altamente afectados pelo impacto da crise".
Esta plataforma de organizações partilha com o Papa o fundamento para um reconhecimento "universal de uma autoridade política verdadeira" que consagre "às nações pobres uma voz efectiva na tomada de decisões nos fóruns internacionais, como no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial.
Publicada na véspera da reunião do G8, a encíclica «Caritas in veritate», enfatiza que os países desenvolvidos "devem fazer tudo o que podem para atribuir ‘maiores porções do seu produto interno para a ajuda ao desenvolvimento'". A CIDSE recorda que "repetidamente, tem pedido que os países ricos recuperem as promessas não cumpridas e que honrem o seu compromisso".
"Falta liderança política para resolver a crise e os países em vias de desenvolvimento continuam a sofrer as consequências", sublinha o secretário geral da CIDSE, Bernd Nilles.
"Está na altura de uma verdadeira reforma e verdadeira solidariedade na luta contra a pobreza global".