Cidade do Vaticano, 14 jul 2011 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, criticou hoje a decisão do regime chinês de ordenar um novo bispo, sem autorização do Papa, que considerou contrária à “união da Igreja”.
Segundo o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, este acontecimento foi seguido pelo Papa com “dor e preocupação”.
A Associação Patriótica Católica (APC), subordinada a Pequim, ordenou hoje o padre Huang Bingzhang como bispo de Shantou, na província de Guangdong, costa sudeste da China.
Segundo a Rádio Vaticano, vários bispos “em comunhão com o Papa” foram obrigados pela APC a participar na cerimónia, considerada “ilegítima” pela Santa Sé e que, à luz do Direito Canónico, pode levar à excomunhão dos que ordenaram e foram ordenados na mesma.
No último dia 29 de junho, Pequim promovera a ordenação do padre Lei Shiyin, também sem mandato pontifício, na diocese de Leshan, Sichuan, cerca de 2000 quilómetros a sudeste de Pequim.
Dias depois, a 4 de julho, a Santa Sé emitiu um comunicado com críticas à ordenação considerada “ilegítima”, revelando que Bento XVI se mostrou “profundamente amargurado” com o sucedido.
A APC foi criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado – o que inclui o controlo de Pequim sobre a nomeação de bispos -, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade do Papa.
A agência católica AsiaNews, especializada em assuntos chineses, diz terem sido oito os bispos da Igreja ‘clandestina’ obrigados a participar na ordenação episcopal de hoje.
Grupos de polícias vigiaram desde o início da manhã as estradas que rodeiam a catedral de Shantou, acrescenta a agência.
Entretanto, a Congregação para a Evangelização dos Povos, organismo da Santa Sé, acaba de criar um novo blogue, intitulado ‘Ser católico na China’ [catholicsinchina.blogspot.com], através da agência Fides, com esclarecimentos em chinês e em inglês sobre os últimos desenvolvimentos nas relações entre Pequim e o Vaticano.
OC