China: Papa Francisco nomeia bispo para diocese de Xangai para que «diálogo aberto» e «relações respeitosas» possam continuar

D. Pietro Parolin recorda acordo que estabelece relações entre Santa Sé e China e pede que seja «respeitado na sua totalidade»

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 15 jul 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco nomeou hoje o bispo D. Joseph Shen Bin, para a diocese de Xangai, no território da China continental.

O secretário de estado do Vaticano, D. Pietro Parolin, enquadra, em declarações à rádio Vaticano, a nomeação como uma intenção de manter um “diálogo aberto” e relações “respeitosas” com a China.

D. Joseph Shen Bin nasceu a 23 de fevereiro de 1970 em Qidong, província de Jiangsu, estudou filosofia em Sheshan, Xangai) e teologia em Pequim, tendo sido ordenado sacerdote a 1 de novembro de 1996.

O seu ministério pastoral decorreu na diocese de Haimen, “primeiro como vigário paroquial na paróquia do Sagrado Coração de Jesus, depois como vigário geral e, por fim, como pároco na paróquia da Mãe de Deus”, tendo em abril de 2010, sido nomeado para a Sé de Haimen.

A 21 de abril de 2010 foi consagrado bispo com o “consentimento de ambas as partes”, indica a sala de imprensa da Santa Sé.

Desde 2022, apresenta ainda o boletim do Vaticano, D. Shen Bin é também Presidente do organismo conhecido como «Colégio dos Bispos Católicos Chineses».

As autoridades chinesas “transferiram” D. Shen Bin para o novo cargo da precedente Diocese de Haimen, informando a Santa Sé, mas “sem envolvê-la na decisão, como prevê o Acordo”, que estabelece as relações entre a Santa Sé e a China desde setembro de 2018, e depois prorrogado em 2020 e 2022.

D. Pietro Parolin indica que o acordo regula as nomeações e transferências de bispos no país asiático e cujo “princípio fundamental” que deve ser respeitado, é o do “consenso das decisões”.

O secretário de Estado reconhece D. Shen Bin como um “pastor estimado” e sublinhou que o Papa Francisco quis “sanar a irregularidade canónica” para “o bem maior da diocese”.

O responsável assinala, no entanto, que o procedimento “parece desconsiderar o espírito de diálogo e colaboração estabelecido entre o Vaticano e o lado chinês ao longo dos anos e que encontrou um ponto de referência no Acordo”, uma vez que, lembra, existem “questões pendentes” relacionadas com dois bispos auxiliares – D.Thaddeus Ma Daqin e D. Joseph Xing Wenzhi, que exigem uma “solução justa e sábia”.

D. Pietro Parolin sublinha a importância de manter um “diálogo aberto” e um “confronto respeitoso com o lado chinês” mas admite ser “indispensável” que “todas as nomeações episcopais na China, incluindo as transferências, sejam feitas consensualmente, conforme acordado, e mantendo vivo o espírito de diálogo entre as partes” de forma a evitar “situações que criem dissabores e incompreensões”.

O responsável pelas relações do Estado do Vaticano reconhece a importância de ser criada uma Conferência episcopal que “tornaria possível realizar o desejo da Santa Sé de ver crescer a responsabilidade dos Bispos na condução da Igreja na China”.

Seria necessário, indica, “estabelecer uma comunicação regular dos Bispos chineses com o Bispo de Roma, indispensável para uma comunhão efetiva, sabendo que tudo isso pertence à estrutura e à doutrina da Igreja católica, que as Autoridades chinesas sempre disseram que não querem alterar”.

“Os católicos chineses, mesmo aqueles definidos como «clandestinos», merecem confiança porque desejam sinceramente ser cidadãos leais e ser respeitados em sua consciência e em sua fé”, indica, pedindo que se supere “a desconfiança em relação ao catolicismo”, uma vez que não se trata de “uma religião que deva ser considerada estranha – muito menos contrária – à cultura desse grande povo”.

O responsável lamenta que os obstáculos “minem a confiança e subtraiam energias positivas”, mas reconhece que as “razões para o diálogo parecem ainda mais fortes”.

A Santa Sé gostaria de ver aberto um “escritório de ligação estável da Santa Sé na China” para que o diálogo possa ser “mais fluido e frutífero”, favorecendo esse mesmo diálogo com “as Autoridades civis, mas também contribuiria para a plena reconciliação dentro da Igreja chinesa e para o seu caminho em direção a uma desejável normalidade”.

D. Pietro Parolin diz que o acordo assinado “precisa ser aplicado em sua totalidade e da maneira mais correta possível”, estando a Santa Sé “determinada a fazer a sua parte para que o caminho continue”.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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