isboa, 14 jul 2012 (Ecclesia) – A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) acaba de lançar em Portugal uma campanha em favor dos católicos na China, que apresenta como um país “fechado, centralizado, policiado”.
“As autoridades sempre olharam para os crentes em Cristo com desconfiança. A tal ponto que foi até criada uma Igreja ‘oficial’, a Associação Patriótica Católica [APC], controlada por Pequim, para afastar os cristãos de Roma, que se mantém fiéis ao Papa e que pertencem à chamada ‘Igreja clandestina’”, refere o secretariado português da organização internacional de solidariedade.
Segundo a AIS, que publica regularmente um relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, as autoridades chinesas “consideram como ameaça para a segurança nacional todas as confissões religiosas não controladas pelo Governo”.
Citando estudos internacionais, a fundação subordinada à Santa Sé diz que “pelo menos 40 bispos católicos estarão presos ou desaparecidos”.
Ignora-se, por exemplo, o paradeiro de D. James Su Zhimin, de 77 anos, bispo da Diocese de Baoding desaparecido desde 1996, assim como se desconhece o que terá acontecido na última década a D. Cosmas Shi Enxiang, de 88 anos, da Diocese de Yixian.
“Se há país no mundo onde a Igreja sofre, é a China”, alerta a AIS.
O número de católicos no país asiático é de cerca de 12 milhões, numa população total que ultrapassa já os 1,31 mil milhões de habitantes.
Ao longo de décadas, sublinha a organização católica, “milhares de cristãos têm sido presos, internados em campos de reeducação, torturados e mortos”, numa “longa história de martírio”.
“Somos perseguidos. A liberdade da Igreja ainda está muito longínqua na China, mas temos de ter fé”, assinala um padre católico ordenado há 12 anos, cujo nome é mantido no anonimato por razões de segurança.
As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.
Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador) se estabeleceu depois da expulsão da China.
A APC foi criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial do Vaticano, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade do Papa.
Esta terça-feira, a Santa Sé emitiu uma declaração na qual considerava anunciava que o padre Yue Fusheng incorreu numa pena de excomunhão automática (latae sentetiae) após ter sido ordenado bispo da referida igreja ‘«patriótica», sem autorização de Bento XVI.
O Vaticano pede também que as autoridades da China evitem “ações contrárias” ao diálogo bilateral e cessem as “celebrações ilegítimas e ordenações episcopais sem mandato pontifício”.
OC