China: Diácono católico esteve em Portugal para falar de Igreja «perseguida»

Possível acordo entre o Vaticano e Pequim visto com reservas

Lisboa, 03 abr 2017 (Ecclesia) – A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) promoveu uma série de encontros com um diácono chinês da chamada comunidade católica 'clandestina', que falou numa situação de “perseguição”.

O diácono, cujo nome não é revelado por motivos de segurança, disse à Agência ECCLESIA que atual sistema de controlo sobre as comunidades religiosas, pelo regime de Pequim, não permite aos católicos “viver a fé com liberdade”.

“Muitos deram a vida por dar testemunho da importância da fé, da importância de Cristo”, assinala.

Para o diácono, que passou por Évora, Lisboa, Amadora e Setúbal, apresentando o seu testemunho em encontros de oração e reflexão, “é preciso que as pessoas saibam o que se está a passar e possam conhecer a realidade”.

O regime de Pequim criou em 1957 uma Igreja “oficial”, a APC – Associação Patriótica Católica, para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos vivam em conformidade com as políticas do Estado, o que inclui o controlo sobre a nomeação de bispos, pretensão não reconhecida pelo Vaticano.

“A fé é o que sustenta os católicos que vivem uma situação difícil”, declara o diácono chinês.

Os católicos que seguem as indicações de Roma, não reconhecendo a APC, vivem numa Igreja ‘clandestina’.

A existência de duas comunidades católicas na China tem sido objeto de negociações entre Pequim e a Santa Sé, mas para o entrevistado é pouco admissível que “tudo mude de um dia para o outro”.

“Noutros países existe mais facilidade para viver a fé e nós queremos essa liberdade, o direito a viver dessa forma”, conclui.

Segundo a Fundação AIS, “bispos, sacerdotes e leigos são ainda hoje perseguidos, presos e oprimidos”, na China.

O Papa Francisco já confessou a sua “admiração” pela China e admitiu o desejo de visitar o país.

O pontífice argentino foi o primeiro Papa a sobrevoar o espaço chinês, em agosto de 2014, tendo nessa ocasião enviado duas mensagens ao presidente Xi Jinping, pedindo que Deus abençoasse o país asiático.

OC

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Agência ECCLESIA

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