O ministro de Negócios Estrangeiros da China, Li Zhaoxing, pediu hoje ao Vaticano que “não se relacione com províncias e localidades da China”, em resposta à recente nomeação do Bispo de Hong Kong, D. Joseph Zen, como Cardeal. “Pequim espera que o Vaticano não intervenha nos assuntos internos chineses de modo algum”, afirmou o ministro em conferência de imprensa. A nomeação de D. Joseph Zen como um dos novos Cardeais da Igreja Católica está a incomodar o governo chinês. A escolha de Bento XVI recaiu sobre um dos homens mais destacados na luta pelos direitos humanos e pela liberdade em Hong Kong. O governo chinês já aconselhou D. Joseph Zen, a evitar discutir e levantar questões políticas. A Igreja Patriótica chinesa, desvinculada de Roma e autorizada pelo Governo chinês, congratulou D. Zen no passado dia 23 de Fevereiro pela sua nomeação como Cardeal, mas também pediu que não usasse o cargo para influir na política chinesa. A China disse repetidamente que, para restabelecer os laços diplomáticos com o Vaticano, Roma deve em primeiro lugar deixar de reconhecer Taiwan como um Estado soberano e comprometer-se a não intervir nos assuntos internos chineses. Os dois países romperam suas relações em 1951, quando o Vaticano excomungou dois Bispos nomeados por Pequim, que por sua vez expulsou o Núncio Apostólico. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades. A Associação Patriótica Católica, contudo, vê esses novos elementos de diálogo entre a China e o Vaticano como um perigo para a organização. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos.
