China: Autoridades proibiram funeral público de bispo católico

Padre português recorda responsável da Igreja Clandestina como «gigante na fé»

Lisboa, 25 jun 2019 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informou que as autoridades chinesas proibiram o funeral público e o enterro num cemitério católico ao bispo de Tianjin, que faleceu aos 92 anos de idade, a 8 de junho.

“Era um homem de um amor enorme à Igreja e o amor dele pelo país – não pelo governo, mas pelo país – não era menor. E também pela cultura. Posso dizer que amava muito a Igreja e amava muito a China”, afirmou o padre Ricardo Teixeira, sacerdote dehoniano que viveu quatro anos na China.

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, a AIS realça que D. Stefano Li Side foi “sempre fiel ao Vaticano e ao Papa”, encontrando-se em prisão domiciliária, desde 1992.

O bispo que pertencia à chamada Igreja Clandestina passou “quase duas décadas em campos de trabalhos forçados”.

Segundo a AIS, Associação Patriótica Católica, o organismo do Governo chinês para o controlo da Igreja, proibiu o enterro do bispo de Tianjin num cemitério católico e “condicionou fortemente as cerimónias fúnebres”.

O padre Ricardo Teixeira, recorda ainda que o bispo coadjutor, D. Melchor Shi Hongzhen, de 92 anos, “está em prisão domiciliária”.

“É uma diocese com os dois bispos presos”, observou, realçando o exemplo “absolutamente extraordinário” de coragem e fidelidade desta comunidade católica.

O sacerdote português, de 39 anos de idade, viveu durante cerca de quatro anos na República Popular da China, entre 2013 e 2017,onde contactou com a chamada Igreja Clandestina que é fiel ao Papa, tendo celebrado Eucaristias na Diocese de Tianjin.

D. Stefano Li Side nasceu a 3 de outubro de 1927, em Zunhua (Hebei), numa família tradicional católica, foi ordenado presbítero a 10 de julho de 1955, depois de ter estudado, por exemplo no Seminário de Wen Sheng, em Pequim.

A AIS contextualiza que a Associação Patriótica foi instituída em 1958 pelo governo chinês “como forma de controlar a vida da Igreja Católica”; o então padre Stefano Li Side foi preso até fevereiro de 1962; em fevereiro de 1963 foi novamente encarcerado, até 1980.

A 15 de junho de 1982 foi ordenado em segredo como bispo de Tianjin, sem reconhecimento pelo governo comunista; em 1989 foi preso pela terceira vez, depois de participar da Assembleia da Conferência Episcopal Chinesa que pediu maior liberdade religiosa ao regime de Pequim.

Em 1991, D. Stefano Li Side regressou à catedral de São José em Tianjin e no ano seguinte as autoridades obrigaram-no a ir viver para a aldeia de Liang Zhuang Zi.

A Diocese de Tianjin tem cerca de 100 mil fiéis para “40 sacerdotes oficiais e 20 não oficiais ou subterrâneos”, da chamada Igreja Clandestina, divulga a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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