Chile: Papa vai encontrar-se com familiares das vítimas da ditadura de Pinochet

Agenda do último dia no país inclui uma ida inédita à cidade de Iquique, junto aos Andes, onde Francisco vai coroar uma imagem de Nossa Senhora do Carmo

Santiago, 18 jan 2018 (Ecclesia) – O Papa inicia hoje o último dia da sua visita ao Chile, com uma agenda que incluirá uma deslocação à zona dos Andes e um encontro com familiares das vítimas da ditadura do general Augusto Pinochet.

Depois de uma deslocação de avião de cerca de duas horas e meia, entre Santiago e Iquique (cerca de 1500 quilómetros) Francisco vai celebrar a partir das 14h30 (hora portuguesa) uma Missa no Campus Lobito, onde já é aguardado pelos peregrinos.

Esta será a primeira vez que um Papa estará na região de Iquique, uma cidade costeira com cerca de 300 mil habitantes, situada no norte do país, na confluência entre os Andes, o Oceano Pacífico e o deserto de Atacama.

Trata-se de uma antiga colónia, com mais 500 anos de existência, que durante muitos anos foi uma próspera zona mineira, e que hoje combina a riqueza própria de uma zona franca com grande atração turística, sobretudo pelas suas praias, com a pobreza e a austeridade que atinge parte da sua população.

No Campus Lobito, em Iquique, Francisco vai coroar uma imagem de Nossa Senhora do Carmo, a principal padroeira do Chile, trazida especialmente para esta ocasião, do seu santuário de Tirana.

Depois desta Eucaristia, o Papa argentino terá um almoço na casa de retiros do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, das Irmãs Oblatas, para de seguida dar seguimento a um dos momentos especiais desta quinta-feira.

Um encontro com vários familiares das vítimas da ditadura no Chile, que esteve em vigor entre 1973 e 1990 e teve como principal rosto o general Augusto Pinochet.

O regime de Pinochet apresentou-se como uma solução de “reconstrução nacional”, depois do colapso da democracia e da economia durante a presidência de Salvador Allende.

No entanto, foi marcado pela perseguição e supressão de toda e qualquer oposição política ou dissidência ideológica, que resultou num drama sem precedentes para a nação chilena.

Estima-se que mais de 3 mil pessoas foram mortas ou dadas como desaparecidas, milhares de pessoas foram encarceradas e torturadas, e perto de 200 mil chilenos foram empurrados para o exílio.

A Igreja Católica do Chile, por ter denunciado os abusos cometidos pelos militares de Pinochet, conquistou o respeito da sociedade chilena.

No entanto, os casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes, que começaram a ser revelados em 2010, na figura do padre Fernando Karadima, fizeram com que hoje essa relação seja bem mais distante.

A seguir ao encontro com familiares das vítimas do regime de Pinochet, o Papa Francisco seguirá para o aeroporto de Iquique, para uma cerimónia de despedida às 19h45, e depois a partida para Lima, no Perú, onde dará seguimento à segunda parte desta visita apostólica à América do Sul.

A chegada a Lima está prevista para as 22h20, com Francisco a ser recebido pelo presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski.

JCP

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Agência ECCLESIA

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