Ucrânia: D. José Ornelas pediu «competência» aos poderes públicos para travar uma guerra «bárbara e incompreensível» (c/vídeo)

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa alertou para as «consequências sérias» do conflito em todo o mundo e exprimiu solidariedade ao povo ucraniano

Fátima, 25 abr 2022 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que os poderes públicos devem ter “competência” para travar uma guerra “bárbara e incompreensível” e alertou para as “consequências sérias” do conflito, em curso na Ucrânia há dois meses, “em todo o mundo”.

“Esta guerra não atinge apenas a Ucrânia, mas tem consequências sérias em todo o mundo, agravando as dificuldades económicas e sociais provocadas por dois anos de pandemia”, afirmou D. José Ornelas.

No início a Assembleia Plenária do episcopado português, que iniciou hoje e decorre até à próxima quinta-feira, em Fátima, o presidente da CEP referiu “os efeitos da guerra, com a escassez de produtos, a subida dos preços e a progressiva tensão política internacional, estão a provocar o agravamento das condições de vida sobretudo das pessoas e famílias que dispõem de menores recursos”.

“O sofrimento das vítimas desta guerra não pode ser em vão, mas deve conduzir ao reforço das instituições internacionais com real capacidade de mediação e de promoção de uma humanidade baseada na justiça, na dignidade e na paz de um Direito Internacional que a humanidade ainda não conseguiu implementar”, sublinhou.

Todos os povos têm direito a lutar pela sua autodeterminação e a ambição cega de um regime não pode coartar ou beliscar esse direito, muito menos invocando razões históricas ou até religiosas”

O presidente da CEP lembrou que o tempo atual “é muito desafiador” e exige de “um grande sentido de responsabilidade”, disse que “aos poderes públicos exige-se competência” não só para “para travar a guerra”, mas também para “encontrar soluções duradouras de paz e para gizar políticas que ajudem as populações a ultrapassarem os constrangimentos de uma economia de guerra e a viver com dignidade e paz”.

D. José Ornelas lembrou a quadra pascal celebrada há uma semana na Igreja Católica de rito latino e no último domingo nas Igrejas Católicas de Rito Oriental e na Igreja Ortodoxa que ficou “dramaticamente ensombrada pela bárbara e incompreensível guerra”, com “consequências de trauma, destruição e morte para a população ucraniana e com consequências gravíssimas para toda a humanidade”.

Desejo exprimir ao povo da Ucrânia a solidariedade, proximidade e oração da Igreja em Portugal, com sentido apreço pelo movimento de solidariedade prática da população em geral e concretamente de muitas organizações eclesiais, visando minorar as consequências desumanas desta agressão, tanto através da ajuda às populações deslocadas na própria Ucrânia e países vizinhos, como no acolhimento de refugiados no nosso país”.

“É de louvar todo este esforço, sendo necessário, tanto da parte do Governo como das instituições civis e religiosas, um reforço de atenção e coordenação, para evitar o perigo de aproveitamentos ilícitos das pessoas vulneráveis e para encontrar os meios mais adequados às necessidades do povo ucraniano” afirmou.

Foto Agência ECCLESIA/PR, D. José Ornelas

D. José Ornelas valorizou a “ajuda de emergência” que permitiu livrar as pessoas da guerra, e apelou à “articulação entre as várias entidades acolhedoras para que essa ajuda garanta, de forma duradoura, a dignidade das pessoas e prossiga depois de um primeiro socorro”.

O presidente da CEP recordou também a consagração da Ucrânia e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, realizada por iniciativa do Papa Francisco, em Roma e em Fátima, quanto “expressão dos sentimentos de solidariedade e esperança ativa na superação desta brutal agressão, assim como da continuidade da generosa assistência aos que são vítimas dela”.

A 202ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que hoje iniciou, decorre na Casa Nossa Senhora das Dores, no Santuário de Fátima, até à próxima quinta-feira, dia 28 de abril.

 

PR

Palavras de Abertura da 202.ª Assembleia plenária da CEP (c/vídeo)

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