D. Jorge Ortiga afirma não desistirem de posições essenciais para a constituição e dignidade humana A Conferência Episcopal Portuguesa reitera a importância no acompanhamento às famílias portuguesas. “A globalização e o laicismo está a permear as famílias no contexto europeu”, deu conta à Agência ECCLESIA, D. Jorge Ortiga, Presidente da CEP e presente na reunião da CCEE, em Fátima. Entre as conversas episcopais foi possível discernir ser necessário para, salvar o futuro da Igreja e da sociedade, “um investimento muito maior na família”. A partilha da realidade jurídica, tanto a nível canónico como civil, e pastoral nos diversos países permitiu verificar que a situação das famílias europeias é comum. “Em Portugal teremos que trabalhar muito com as famílias portuguesas que continuam a ser famílias com fé”. O Arcebispo Primaz garante um investimento na espiritualidade “uma vez que as contingências, as adversidades, a mentalidade dominante é muito hostil ao modelo de família cristã. Estudar e trabalhar a educação para a sexualidade, como um aspecto fundamental, assim como a preparação para o casamento, onde haverá muito trabalho a desenvolver”, acrescenta. Outras áreas tais como a bioética e os problemas inerentes “não podem ser estranhos e merecem uma maior importância. “Sabemos que a ciência no imediato não nos dá razão, mas quando isso acontece, torna mais sólidas as nossas convicções e a nossa pastoral”, adverte. “Estamos convencidos que o futuro da Europa depende das famílias e temos que dar o nosso contributo sem complexos ou medos, no confronto com outras realidades mas sempre num confronto de diálogo, procurando apresentar com muita serenidade a diferença cristã, pelo testemunho que é hoje a linguagem mais eloquente”. A assembleia plenária que junta os Presidentes das Conferências Episcopais Europeias, que decorre em Fátima é sinal de uma solicitude que a Igreja tem sobre vários aspectos, “porque queremos reflectir sobre os problemas do homem nos dias de hoje, para em comum pensar no melhor caminho”, reflexões estas que serão posteriormente, encaradas nacionalmente por cada Conferência Episcopal. “É um sinal do amor que dedicamos a quem servimos porque queremos proporcionar respostas pastorais muito concretas que devem levar à aproximação com Cristo”, assume o Presidente da CEP. A CCEE é uma expressão de colegialidade da Igreja. “Usamos duas expressões para a definir”, acrescenta o Arcebispo Primaz: “efectiva, para querermos encontrar na diversidade uma colaboração concreta, mas também afectiva porque nos sentimos mais próximos uns dos outros, rodeados dos mesmos problemas e dificuldades e também com a certeza de que não estamos sozinhos, mas que trabalhamos para uma causa comum”. A presença das Igrejas minoritárias, caso da Rússia, ou da antiga União Soviética, “com problemas diferentes” é para D. Jorge Ortiga um “assumir as suas cargas e alegrias também”. A posição da Igreja é firme na defesa não dos “nossos interesses mas daquilo que consideramos ser um direito da Igreja e do cidadão português”. Através do diálogo “atingiremos os nossos objectivos”, porque afirma não estarem a lutar por privilégios, mas antes por algo que é indispensável à constituição humana. O primeiro ministro José Sócrates, no encontro que manteve com os Bispos europeus na manhã de Quinta feira, terá abordado algumas questões. “Não falou sobre uma questão fundamental como a família”, centrando-se no ecumenismo e na tolerância religiosa. “Também queremos dar o nosso contributo e a abertura a África é essencial”, sublinha D. Jorge Ortiga. No continente africano existem situações que “nos envergonham, e a Igreja vai encontrando respostas, não apenas para falar de Cristo, mas com soluções sociais”. D. Jorge Ortiga espera que a Cimeira Africana a realizar em Lisboa, em Dezembro, “não seja mais uma forma de encontrar pontes para a Europa se aproveitar dos povos subdesenvolvidos”. Sendo uma questão “que me ultrapassa”, o Arcebispo de Braga considera que todos os presidentes africanos deveriam estar presentes. “Uma grande cimeira, com todos presentes, onde fosse possível encontrar caminhos comuns de solidariedade efectiva, seria bom para a Europa e seria melhor ainda para África”. Ainda durante os trabalhos di dia, os Presidentes das Conferências Episcopais da Europa aprovaram a entrada das Conferências do Princopado do Mónaco e da Moldávia, tornando-se assim membros da CCEE.