Assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que terminou hoje em Fátima, analisou situação atual do país
Lisboa, 12 nov 2015 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) abordou hoje em Fátima a situação política do país, apelando a um clima de "serenidade e de calma", para que não haja uma "crispação excessiva".
"Perigos, excessos, de particularismos exagerados, existem sempre de parte a parte, e nós queremos evitar isso apelando a uma visão mais alargada das questões, a uma maior serenidade nos debates, mas isso faz parte da nossa missão e fazemo-lo convictamente", apontou D. Manuel Clemente.
O também cardeal-patriarca de Lisboa abordou a queda do Governo e a consequente instabilidade política do país no final da assembleia plenária dos bispos portugueses, que decorreu entre segunda e esta quinta-feira em Fátima.
Para o responsável católico, o momento atual é sobretudo "de escolhas, de opções, de garantir o melhor futuro" para o país.
E nesse sentido, frisou D. Manuel Clemente, existem "princípios" que, independentemente da opção política a tomar, não podem ficar de fora, como "a dignidade humana, o bem-comum, a solidariedade, e a subsidiariedade".
"O quadro constitucional dá orientações concretas para o que se deve fazer nestas situações e é isso mesmo que deve ser feito, com certeza, respeitando a consciência de cada um mas a consciência também obriga a valores comuns e que não podemos esquecer", reforçou.
Sobre a decisão que está agora nas mãos do presidente da República, de legitimar um governo minoritário ou de dar posse a um novo governo liderado por António Costa, D. Manuel Clemente mostrou-se convicto de que Aníbal Cavaco Silva decidirá da forma "mais conscienciosa e responsável" possível.
O também presidente da CEP apontou ainda que toda esta questão carece ainda de um maior "esclarecimento, concretamente em termos de opinião pública".
Quanto ao maior peso que os partidos de esquerda vão ter na Assembleia da República, e as implicações que isso poderá ter para a aprovação de leis mais favoráveis ao aborto ou à adoção por casais do mesmo sexo, D. Manuel Clemente começou por lembrar que esta situação partiu de uma escolha democrática, nas urnas.
Depois, qualquer que sejam as decisões a tomar no futuro, a Igreja Católica não deixará de continuar "a apelar à consciência crente dos cidadãos, quer os diretamente envolvidos na atividade politica quer na opinião pública em geral".
"Continuaremos a dizer aquilo que sempre temos dito, porque a democracia é uma sociedade que cresce e evolui, tempos sucedem-se a tempos e as causas também têm o seu tempo, desde que não desistamos delas", concluiu.
JCP