Centros Sociais Paroquiais sem identidade definida

Estudo distinguido pela Universidade Católica Portuguesa

Os directores dos centros sociais paroquiais (CSP) não estão de acordo quanto à identidade destes Organismos da Igreja, refere uma investigação no âmbito da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.

Para os inquiridos, os CSP são organizações que servem para “juntar pessoas com vista à realização de um objectivo”, para “evangelizar” ou para “fazer acção caritativa e, a partir daí, evangelizar indirectamente”.

O autor do estudo, Henrique Joaquim, considera que mais “preocupante”, embora “residual”, é a posição dos que defendem que os centros sociais são similares às organizações sem fins lucrativos, devendo por isso ser organizados e geridos como tal. O facto de pertencerem à Igreja “muda unicamente os valores, mas as práticas de boa gestão têm que ser iguais às das restantes instituições; nestes casos, a identidade dos centros sociais paroquiais ainda se torna menos específica”, declarou à Agência ECCLESIA.

A investigação abrangeu seis CSP’s “representativos” do Patriarcado de Lisboa: “Estudei desde os centros maiores em termos de estrutura profissional, bem como um dos mais pequenos, dentro e fora das cidades, e recolhi as perspectivas dos dirigentes e profissionais que trabalham nessas instituições.” As características da pesquisa não permitem que se tirem conclusões a nível diocesano e nacional, embora ofereçam algumas inferências.

O trabalho, intitulado “O Serviço Social nos Centros Sociais e Paroquiais” (2007) foi distinguido pela Universidade Católica Portuguesa e pela empresa “Manchete”, que destacaram a relevância do estudo em termos sociais, e o facto de se tratar de um tema que não é habitual na investigação. A cerimónia de entrega do prémio ocorreu a 15 de Setembro.

Ambiguidades na relação com o Estado e fracos níveis de participação interna

“Parceria”, “dependência” e “autonomia total” são alguns dos termos utilizados pelos inquiridos para classificar a relação com o Estado, enquanto entidade reguladora.

Associada a esta ambiguidade, está “um problema estrutural ligado à indefinição da identidade dos centro sociais paroquiais, dado que eles têm uma personalidade jurídica simultaneamente civil e canónica”, afirmou Henrique Joaquim.

Por outro lado, “há baixos níveis de participação na estrutura e funcionamento dos CSPs a nível dos profissionais, voluntários e utilizadores. Estamos perante instituições em que o poder é detido por uma só pessoa; muitas vezes, os colaboradores legitimam essa organização, “desenvolvendo muito pouco uma postura de reflexividade”, acrescentou o investigador.

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