Menos 10 mil pessoas é motivo de maior preocupação para D. Manuel Felício, que lembra que a «qualidade do ar» nos grandes centros depende da proteção dos ambientes do interior
Guarda, 08 set 2021 (Ecclesia) – O bispo da Guarda disse à Agência ECCLESIA que os números do último censos “são preocupantes” e afirmou que o interior tem de ser valorizado porque “os grandes centros” precisam da sua “qualidade do ar e da envolvência da natureza”.
“Os grandes centros precisam mais de nós do que nós próprios. Os grandes centros têm qualidade do ar a partir dos nossos ambientes, se querem o contacto com a natureza é aqui, então quanto houver maior melhoramento e sustentabilidade, estamos a prestar melhor serviço aos grandes centros”, afirmou o bispo da Guarda em declarações à Agência ECCLESIA.
Os últimos censos apontam o concelho da Guarda a perder cerca de 10 mil pessoas e o responsável pela diocese aponta como uma “grande preocupação”.
“Os números deixam-nos preocupados, embora já o sentimos pelo pulsar das populações no dia-a-dia esvaziados de pessoas, mas os números são preocupantes, dos 14 concelhos todos diminuíram em população”, refere.
Para D. Manuel Felício a realidade “tem de fazer pensar os responsáveis” perante casos, como por exemplo, a Covilhã, onde tem a “universidade e também diminuiu a população”, ou a zona do Fundão, “com capacidade de investimento e também diminuiu”.
“Com este esvaziamento ninguém ganha, nem os que cá estão, por isso temos de apelar aos nossos responsáveis para criar condições de fixação e até atração de pessoas para aqui”, aponta.
O entrevistado sublinha ainda que a pandemia trouxe pessoas para a zona da Guarda, onde o fator do “trabalho à distância se pode tornar uma ajuda”.
“Em tempo de pandemia houve ambientes que aumentaram a população porque faziam daqui o seu trabalho. Esperamos que seja uma oportunidade também para não ficarem abandonados”, precisa.
Olhando o novo ano pastoral, que a diocese da Guarda tinha pensado num plano para três anos e que a pandemia veio transformar, há duas linhas prioritárias: os jovens e as famílias.
“Voltar a atenção para a família é obrigatório, pelo que o Papa nos diz, pela exortação Amoris Laetitia e, como devemos aplicar no conjunto das nossas famílias, esta é uma das orientações; depois voltar aos jovens é óbvio, ter essa preocupação de perceber que jovens temos, com que características, como se apresentam e depois, tendo em conta as orientações da JMJ 2023, podermos centrar nestas duas linhas a preocupação pastoral”, revela.
D. Manuel Felício adiantou ainda que, perante o pedido do Papa Francisco da caminhada sinodal, já foi pedido à diocese que “entre nesta caminhada de preparar o sínodo de 2023”.
PR/SN