Celebração do Centenário da renovação dos Marianos

A Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição está em festa: celebra este ano o Centenário da sua renovação. Os Marianos foram fundados pelo Pe Estanislau Papczynski, em 1673, na Polónia. A Congregação desenvolveu-se nos países de Leste e em Portugal, onde chegou em 1754. Em 1834, foi expulsa de Portugal, por António Joaquim Aguiar, como aconteceu com todas as congregações religiosas. Os Marianos tinham, na altura, 3 conventos: em Balsamão, em Algoso (ambos em Trás-os-Montes) e em Lisboa.

Nos países de Leste, em 1864, o Czar Nicolau II, a pretexto de manter a qualidade da vida religiosa, decretou que se encerrassem todos os conventos que não tivessem, pelo menos, 8 membros, obrigando esses membros a ir para conventos maiores. Proibiu, porém, que as ordens recebessem novos candidatos. Os Marianos foram ficando, pouco a pouco, reduzidos ao Convento de Mariampole, no Principado da Lituânia. Em 1909, restava apenas um membro: o Pe. Vicente Senkus/Senkowski, Superior Geral.

O Pe. Jorge Matulaitis/Matulewicz (1871-1927), da diocese de Kielce, na Polónia, sendo natural de Mariampole (a Lituânia e a Polónia, na altura, eram uma única nação) e tendo sido baptizado pelos Padres Marianos, vendo definhar esta Congregação, decidiu entrar nela e propôr ao Pe. Vicente a sua renovação, de modo a adaptá-la aos novos tempos e poder viver na clandestinidade. O projecto foi aceite. A Santa Sé permitiu que ele fizesse os votos sem ser preciso fazer o noviciado, o que aconteceu no dia 29 de Agosto de 1909, na presença do Superior Geral, Pe. Vicente Senkus/Senkowski, em Varsóvia. O Pe. Jorge, respeitando o carisma da fundação e a genuína tradição do Instituto (a difusão do culto ao mistério da Imaculada Conceição, o auxílio aos fiéis defuntos e o anúncio do Evangelho ao povo simples), imprimiu na Congregação dos Marianos um amor apaixonado por Cristo e pela Igreja, preparando os seus membros para viver em ambiente de perseguição.

A congregação renovada regressou a Portugal em 1954. Os Marianos são cerca de 550 em todo o mundo, espalhados por 18 países. Em 2007 realizou-se a beatificação do Fundador. O Renovador, que foi bispo de Vilno, já foi beatificado em 1987.

No âmbito do programa da celebração do centenário da renovação, realizou-se, na semana passada, de 25 a 28 de Maio, um Simpósio histórico-teológico Internacional, no Santuário dos Marianos, em Lichén, Polónia. Falou-se do contexto histórico-religioso em que se deu a renovação dos Marianos e da figura apaixonante do Beato Jorge, um homem que quis levar Cristo a todos a todos os âmbitos sociais. A sua obra foi imensa: Renovou a Congregação dos Marianos, fundou duas Congregações religiosas femininas (Irmãs Pobres da Imaculada Conceição e As Irmãs Servas da Eucaristia), empenhou-se muito nas questões sociais do seu tempo (os operários, os estudantes, os pobres) e defendia que os leigos, antecipando-se ao Concílio Vaticano II, deveriam ter um forte empenho na acção evangelizadora.

O assunto da identidade carismática dos Marianos da Imaculada Conceição esteve presente. Qual é o carisma dos Marianos? Quem é afinal o Beato Jorge para os Marianos? Renovador, refundador? Que contributo carismático deu à Congregação dos Marianos? Que renovação precisam hoje os Marianos? Como é que os leigos participam na missão carismática da Congregação? Que critérios para a assunção de novas obras? Foi a estas perguntas que o simpósio procurou responder.

Participaram neste Simpósio cerca de 100 Marianos vindo de todo o mundo. A comunidade portuguesa dos Marianos esteve representada pelos Padres Jovanete Paulo Vieira e Basileu dos Anjos Pires. Este último fez uma conferência subordinada ao tema "Identidade Mariana dos Marianos. O mistério da Imaculada Conceição no dinamismo do amor gratuito e salvífico de Deus". Além dos Marianos, participaram também 4 irmãs de cada uma das Congregações fundadas pelo Beato Jorge Matulaitis/Matulewicz.

O Simpósio teve o seu complemento com a Peregrinação dos participantes ao Túmulo do Renovador, em Mariampole, na Lituânia, e a Vilno, capital da Lituânia, onde foi bispo o beato Jorge Matulaitis, durante um tempo muito atribulado da história, entre 1917 e 1922. Vilno, cidade muito bonita, foi a capital cultural da Polónia. Em 1918, a Polónia deu a independência à Lituânia, tendo a mesma Polónia tomado, de novo, Vilno (mantendo a Lituânia a sua independência), por esta cidade não querer pertencer à Lituânia, pois os seus habitantes eram 60% polacos. O Beato Jorge, perante esta divisão entre polacos e lituanos, a exemplo de S. Paulo, fez-se tudo para todos, afirmando: "O meu partido é Cristo". Deu-se completamente a Cristo e à Igreja, deixando à comunidade religiosa por ele renovada este moto: "Por Cristo e pela Igreja".

A celebração do centenário da renovação do Marianos, que vai desde o 8 de Dezembro do ano passado até ao 8 de Dezembro deste ano, pretende reforçar o dinamismo de renovação que a da graça da beatificação do Fundador imprimiu, aumentando a alegria e o entusiasmo na vivência da sua vocação, tão antiga e sempre nova.

Pe. Basileu Pires

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