A par do matrimónio e do reafirmar posições sobre a importância da família na Europa, a CCEE reunida em Fátima apostou na discussão do ecumenismo. Retomando a avaliação da III Assembleia Ecuménica Europeia, que decorreu em Setembro último, em Sibiu, na Roménia, D. Andrew Summersgill, secretário da Conferência Episcopal de Inglaterra e País de Gales afirma à Agência ECCLESIA que este é um processo importante porque teve o seu início em Roma, se mudou para Wittenberg e continuou nas comunidades locais, chegando depois à Roménia. “Pela primeira vez houve o envolvimento das Igrejas ortodoxas de uma forma aberta. É muito necessário os países da Europa Ocidental estarem em contacto com os ortodoxos e perceber também as complexidades das suas Igrejas”, afirma o secretário da Conferência Episcopal de Inglaterra e País de Gales. Em Sibiu ficou mostrado que que o cristianismo tem um papel muito importante na Europa secularizada de hoje. Na reunião da CCEE foi sublinhado que a experiência partilhada por 2500 delegados indicou que a unidade é possível e que esta é um bem precioso. Um dos motivos porque a CCEE existe é para ser um veículo para o diálogo ecuménico entre a Igreja Católica na Europa e os Conselhos das Conferências que junta protestantes, anglicanos e as igrejas ortodoxas. D. Andrew Summersgill originário da Inglaterra vem de um pais onde a maioria é anglicana – os católicos representam menos de 10% da população. “O nosso diálogo ecuménico é com a Igreja Anglicana”, sublinha e isso “é muito diferente do diálogo com a Igreja Ortodoxa”. A geografia confere diferentes contornos ao diálogo ecuménico. “Se encararmos a situação em Inglaterra o diálogo será com a Igreja Anglicana, e vai centrar-se especialmente sobre as movimentações em torno da ordenação episcopal de mulheres. Mas esta questão não se põe sequer com os Ortodoxos”. “Muito do diálogo ecuménico não se centra na teologia, mas na capacidade de fazer coisas juntos e estar juntos. Compreendendo as diferenças então se pode começar a falar em termos teológicos. E talvez então se caminhe para a unidade”, aponta o secretário da Conferência Episcopal de Inglaterra e País de Gales. D. Andrew Summersgill explica que “há um diálogo a estabelecer-se acerca da história recente da Europa Oriental e de como os ortodoxos e os católicos agora podem viver juntos. Desde a queda do comunismo têm de viver de forma mais próxima do que no passado. O diálogo pode ser sobre questões muito práticas e noutros locais pode ser muito teológico”. A imigração deu um novo impulso ao ecumenismo. Esta é uma dimensão do diálogo também dentro da Igreja Católica. Exemplificando com uma realidade próxima, o secretário da Conferência Episcopal de Inglaterra e País de Gales aponta que ao seu país estão a chegar muitos católicos, “por isso tem de haver um diálogo dentro da própria Igreja, porque tanto bispos como párocos têm de saber como acolher os imigrantes e como prestar os melhores serviços pastorais”. Reflexões que neste momento não terão desenvolvimento. “Este não é um encontro que produza estratégicas, mas onde se vive «uma colegialidade efectiva»”, indica. A importância de um encontro como este não se enquadra nas decisões, mas encontra sentido nas “conversas sobre experiências diferentes e talvez a partir daí se possa aprender algo”, acrescenta. “Não haverá grandes mudanças com esta reunião, mas haverá um maior entendimento entre os bispos aqui presentes assim como dos problemas”. Diálogo com África A Igreja Católica na Europa “está muito consciente da sua história. Podemos dizer que primeiro, a Europa tem uma história de colonialismo no continente africano. Isso tem claramente aspectos complicados, mas parte do que a Europa fez foi levar a fé cristã e por isso temos hoje uma igreja jovem e vibrante” no continente africano. As relações com África foram mencionadas pelo Primeiro Ministro José Sócrates no início da reunião da CCEE. “Esta é uma das áreas onde tanto a política como a Igreja coincidem. Porque é tanto politica como economicamente importante para a Europa que as relações com África estejam claras. E assim se passa também com a Igreja: é certo que ambas as igrejas estejam em diálogo e em relação”, aponta D. Andrew Summersgill, estendendo a “colegialidade com os bispos africanos”. Para o Presidente da CCEE, o Cardeal Peter Erdo, “muitos valores humanos se ligam ao ecumenismo”. Tendo por base esses valores, devemos juntos promovê-los”. “A este nível temos muitos pontos comuns com as Igrejas ortodoxas e protestantes, onde queremos consolidar aspectos concretos a nível de doutrina social ou bioética que pode ser proposto pela nossa organização”. Para o Cardeal Erdo esta é uma ocasião para “aprofundamento espiritual e também teórico do nosso trabalho comum”. É um sinal para a sociedade da Europa, “pois tomámos posições sobre algumas questões fundamentais, especialmente sobre o matrimónio e família”. Posições que não são novas porque “a doutrina da Igreja sobre o matrimónio não mudou. Essa foi-nos deixada por Jesus Cristo que nos deixou mostrou a dignidade da pessoas humana. Não é algo que possamos mudar”, afirma, acrescentando que “temos o dever de a levar aos outros nas nossas pastorais”. A reunião magna dos Presidentes das Conferências Episcopais da Europa termina oficialmente amanhã com a Eucaristia da parte da manhã. Os trabalhos foram encerrados esta tarde, com uma visita aos locais emblemáticos, em Fátima, numa altura em que alguns participantes já regressavam ao seu país. O comunicado final da reunião será divulgado na Quarta feira, dia 9, em inglês, francês, alemão e italiano – as línguas do encontro.