Cazaquistão: Papa elogia minoria católica no país e pede Igreja sem moralismos (c/fotos)

Francisco destaca importância de dar mais espaço aos leigos

Nur-Sultan, 15 set 2022 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com representantes da comunidades católica no Cazaquistão, que representa 0,01% da população do país, elogiando o papel desta minoria e pedindo uma Igreja sem “moralismos”.

No último dia da sua viagem a Nur-Sultan, capital cazaque, que se iniciou na terça-feira, Francisco falou a membros do clero e de institutos religiosos, seminaristas e agentes pastorais, que convidou a construir “uma Igreja mais habitada pela alegria do Ressuscitado, que rejeite medos e lamentos, que não se deixe endurecer por dogmatismos e moralismos”.

O encontro, na Catedral de Nur-Sultan, evocou ainda as várias comunidades da Conferência Episcopal da Ásia Central, exemplo de “uma única família, na qual ninguém é estrangeiro”.

“Repito: ninguém é estrangeiro na Igreja, somos um único Povo santo de Deus, rico de tantos povos”, insistiu o Papa.

A intervenção sublinhou a necessidade de dar mais espaço aos leigos, “para que as comunidades não se endureçam e clericalizem”.

“Uma Igreja sinodal, a caminho do futuro do Espírito, é uma Igreja participativa e corresponsável. É uma Igreja capaz de sair ao encontro do mundo porque se forma na comunhão”, apontou.

Francisco valorizou a importância de uma comunidade pequena, como a dos católicos no Cazaquistão, cuja riqueza esta na “partilha”, evocando a história de sofrimento na antiga república soviética ao falar do bispo mártir Mykyta Budka (1877-1949), beatificado em 2001, e dos sacerdotes perseguidos no regime comunista.

“Eles trouxeram o amor de Cristo ao mundo. Vocês são a sua herança: sejam a promessa de uma nova santidade”, pediu aos presentes.

O Papa desafiou os católicos a manter uma “memória viva”, sublinhando que “a fé não é uma bela exposição de coisas do passado, mas um evento sempre atual, o encontro com Cristo que acontece aqui e agora na vida”.

Há uma graça escondida no facto de constituir uma pequena Igreja, um pequeno rebanho; em vez de exibir as nossas forças, os nossos números, as nossas estruturas e todas as outras formas de relevância humana, deixamo-nos guiar pelo Senhor e colocamo-nos, com humildade, ao lado das pessoas”.

O discurso valorizou o diálogo ecuménica, do encontro entre religiões e todas as pessoas de “boa vontade”, para que a humanidade possa seguir o caminho da “fraternidade” e cuidar dos mais necessitados.

Francisco deixou votos de que as comunidades cristãs sejam “escolas de sinceridade”, “não ambientes rígidos e formais, mas ginásios de treino para a verdade, a abertura e a partilha”.

O Papa, segundo pontífice a visitar o país, chegou em cadeira de rodas e foi recebido com aplausos, flores e ao som da música de violinos, flautas, harpas e a dombra, instrumento típico do Cazaquistão, numa orquestra de 23 pessoas constituída por única família – pai, mãe e 21 filhos, 18 dos quais adotados.

No início do encontro, foi apresentada uma imagem da Virgem Maria, com o Menino nos braços, pintada por um artista muçulmano.

OC

 

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Agência ECCLESIA

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