Um pontificado “notável” de um homem “notável” – disse à Agência ECCLESIA Aníbal Cavaco Silva, ex-Primeiro Ministro Português, que teve a oportunidade de estar com João Paulo II “duas vezes a sós”. Partindo da sua experiência pessoal com o Papa, Aníbal Cavaco Silva refere que estes 25 anos de pontificado “foram de extrema importância para o mundo”. E adianta: “fiquei impressionado com a sua sabedoria e a tranquilidade que irradiava da sua pessoa”. Um homem que “conhecia o mundo” e que “contribuiu para mudança em muitos aspectos”. No plano espiritual sublinha “a sua pressão ecuménica” mas também as alterações “provocadas no mundo de Leste”. Quando se fala que “foi Gorbachev que fez as grandes mudanças” nesta parte do globo, “eu costumo colocar o Papa pelo menos ao lado, ou num patamar superior”, para justificar estas modificações que surgiram na Polónia e se alongaram para a Checoslováquia, Hungria e sucessivamente”. Nos encontros que teve com João Paulo II, Aníbal Cavaco Silva recorda com emoção o primeiro contacto, numa visita à Universidade Católica Portuguesa. Como Primeiro Ministro “falei com ele sobre Timor e Angola”. Depois da assinatura de um acordo de paz para Angola e “quando ele se preparava para visitar aquele país lusófono tive a oportunidade de lhe explicar todo o processo de negociação e pedi-lhe a sua ajuda para consolidar a paz em Angola”. Em relação a Timor, e ao “seu povo sofredor”, Aníbal Cavaco Silva notou que João Paulo II “dominava os assuntos e tinha uma sensibilidade muito grande para estas questões”. E conclui: “é impossível não ficar tocado por aquele homem e a brancura das suas vestes”.
