Católicos do Algarve ajudam paróquia de Angola

A renúncia quaresmal deste ano da diocese do Algarve irá reverter a favor da paróquia de Nossa Senhora do Rosário, na diocese de Viana, em Angola, uma jovem comunidade criada a 13 de Maio de 2004 e desde então confiada aos cuidados dos missionários dehonianos. As necessidades da extensa paróquia são mais que muitas e resumem-se sobretudo à escassez de meios e subsídios, mas também a falta de recursos humanos para colmatar as necessidades de um contexto social complicado são evidentes. Em suma, a comunidade paroquial pede ajuda sobretudo para formar os agentes, mas também para a (re)construção de infra-estruturas básicas. Com uma área aproximada de 350 quilómetros quadrados, a paróquia angolana tem cerca de 450 mil habitantes, dos quais 40 mil são católicos, sendo que a esmagadora maioria (35 mil) são praticantes. Para além do pároco, o padre Manuel Pestana, a comunidade conta com a colaboração de três vigários paroquiais, todos da congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos). Além destes responsáveis colaboram ainda no trabalho pastoral da paróquia de Nossa Senhora do Rosário, desde Setembro de 2007, 10 irmãs da congregação das Dominicanas de Santa Catarina de Sena, 6 irmãs da congregação das Canossianas, 3 missionárias de Santa Teresinha do Menino Jesus, 3 irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo (scalabrinianas), 1 irmão da congregação dos Pobres Servos, 1 padre/religioso de D. Bosco (salesiano) e uma da congregação de Jesus Crucificado. A paróquia é constituída por 4 zonas pastorais com cerca de 40 capelas/comunidades, muitas dispersas, sendo que algumas distam 50 quilómetros da sede paroquial. A situação social é difícil. Situada na zona militar de Luanda, a paróquia é constituída também por muitos militares, cristãos activos, que vivem dificuldades de integração na sociedade e no bairro onde habitam. A Educação é uma das áreas onde o trabalho urge, dada a vulnerabilidade das crianças. Muitas vivem em situação de extrema pobreza, alimentadas apenas com uma refeição por dia, crescendo também sem uma base familiar. “Hoje estão com os pais, amanhã com os tios, outro dia com os avós e, por fim, acabam nas ruas”, observa o padre Manuel Pestana, que aponta como causa para muitas crianças, adolescentes e jovens estarem fora do sistema de educação, “a falta de escolas/institutos, a falta de registo ou documentos de identificação pessoal, impossibilitando o seu acesso ao ensino”. Na Saúde, a falta de médicos e postos médicos ao serviço da população são as principais carências. Muitas pessoas acabam por não se deslocar aos postos médicos, por causa das distâncias ou por falta de meios financeiros e ainda pelo peso da própria tradição cultural, que induz à cura de forma tradicional, sendo o recurso aos serviços de saúde equacionado somente quando o doente se mostra quase moribundo. O pároco identifica ainda problemas ao nível da Família. “É muito notória a presença de famílias sem capacidade para assumir o seu papel”, refere, justificando que “os pais demitem-se da educação e acompanhamento do crescimento e educação dos filhos, delegando essa responsabilidade muitas vezes no irmão mais velho ou então nos avós”. O sacerdote aponta ainda o problema da violência doméstica e da bigamia. Para além dos projectos já referenciados, a paróquia tem como prioridade durante o presente ano a formação de catequistas. “Um dos maiores obstáculos para esta formação é a falta de recursos económicos”, reconhece o pároco, contabilizando que o encargo médio anual na formação com cada catequista ascende aos 300 euros por ano. Também ao nível da juventude a formação é uma preocupação. Com uma população jovem numerosa, a paróquia constata que os jovens não trabalham e os meios para a sua formação são inexistentes. “Falta uma formação humana/social/cristã/moral”, observa o pároco, prevendo gastar ao longo do ano cerca de 150 euros com cada jovem. Ao nível familiar, o objectivo é criar uma estrutura paroquial que trabalhe com as famílias e que chegue a todas as zonas pastorais da paróquia. Outra urgência é a formação de animadores de comunidades, que, na ausência do missionário que apenas as visita de mês a mês ou de dois em dois meses, possam responder aos desafios do tempo presente. A paróquia pretende ainda criar um fundo de apoio para a construção e manutenção das capelas das comunidades. Não obstante algumas comunidades, ao longo dos últimos 3 anos, terem conseguido levantar as paredes das capelas, não têm agora capacidade para proceder à cobertura das mesmas com chapas metálicas, cujo valor pode ascender aos 5000 euros. Na maior parte das vezes, as capelas também funcionam como escola. Também a sede paroquial apresenta necessidades. “Falta-nos um espaço grande, multiusos, para encontros de formação de jovens, catequistas, animadores de comunidades, para formação das famílias e também para outras reuniões paroquiais”, frisa o pároco, mostrando igualmente vontade de construir mais salas de catequese, porque ao sábado e domingo a sede da comunidade é frequentada por cerca de 3 mil catequizandos que têm permanecer de pé ou sentados em cima de uma pedra ou debaixo de uma árvore. Por outro lado, como a paróquia não tem casa paroquial sonha avançar com a sua construção, um edifício onde possa simultaneamente funcionar o serviço de arquivo e cartório. Por fim, como as falhas de energia são frequentes, a paróquia espera adquirir um gerador que custa cerca de 16 mil euros. O padre Manuel Pestana lamenta a realidade vivida actualmente em Angola, considerando que “Luanda passou a ser a capital mais cara do mundo” e aponta como exemplo o preço de um saco de cimento que no mês passado chegou a atingir 30 euros. O sacerdote agradece “o carinho e a amizade presentes no gesto solidário e fraterno” da diocese do Algarve e lembra que “toda a ajuda que pudermos dar ao povo (simples e pobre) é um enriquecimento da solidariedade e da partilha fraterna”.

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Agência ECCLESIA

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