Responsável italiano participou nas Jornadas Nacionais de Catequisas em Fátima
Fátima, 20 out 2024 (Ecclesia) – O responsável pela catequese em Itália, monsenhor Valentino Bulgarelli, disse em Fátima que a “mudança de época” exige “uma profunda e lenta mudança das estruturas criadas”.
“É preciso ter a coragem de terminar com os esquemas que já não funcionam, ao nível político, civil, social e eclesial. Defendemos uma estrutura e perdemos a coisa mais preciosa que são as pessoas. Precisamos de redescobrir a Pessoa de hoje”, referiu aos jornalistas, este sábado, durante as Jornadas Nacionais de Catequistas.
O diretor do Serviço Nacional de Catequese na Itália defendeu que “as estruturas criadas foram pensadas para as pessoas, mas hoje a vida está transformada”.
“O Papa pede-nos, já desde 2013, que tenhamos a coragem de repensar com calma, com paciência, com gradualidade as estruturas e os modos de proceder. É fundamental começar a mudar”, referiu, em declarações divulgadas pelo portal ‘Educris’, do Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC) e enviadas à Agência ECCLESIA.
O encontro nacional reúne mais de mil catequistas, até hoje, com o tema ‘A Revelação e a transmissão da fé: os alicerces bíblicos do acreditar’.
O sacerdote italiano criticou a tentação dos agentes em “fazer da catequese uma aula de teologia”, que “cria conhecedores do património e da história do cristianismo”, mas “não discípulos de Jesus”.
“Precisamos escutar as pessoas. As crianças, os adolescentes, os jovens e os anciãos. Todos os que estão em passagem de vida. O modo como fazemos catequese deve levar ao encontro com Jesus Cristo e isso acontece quando a escuta, a dúvida, o silêncio e a pergunta se encontram”, sustentou.
Antes de partir para Roma, onde participa na segunda sessão da Assembleia Sinodal, monsenhor Bulgarelli convidou “a voltar ao início” de maneira que “o Evangelho encarne na vida das pessoas”.
“O catequista pode ser o ponto de mediação entre a comunidade cristã e a vida de todos os dias. Não se trata tanto de assumir um momento de encontro dentro da comunidade, mas de descobrir o valor da credibilidade, do testemunho, do reconhecimento da figura do catequista. Diria que precisamos de pessoas com vida quotidiana que trazem contigo o evangelho”, concluiu.
A jornada contou com a intervenção do padre Mário Sousa, presidente da Associação Bíblica Portuguesa, para quem os “escrutínios” deveriam estar mais presentes nas etapas do Itinerário e na vida dos fiéis em comunidade.
“Penso que devemos estender os escrutínios, as chamadas revisões de vida, em que a graça de Deus é invocada pelo que revê a vida, para que lhe dê força e coragem para continuar a tomar e a renovar esse sim, como na vida de amigos ou do casal”, precisou o especialista, que apresentou a conferência ‘Os sinais salvíficos da fé: o encontro com Cristo, na comunidade e pela comunidade’.
Em declarações ao portal ‘Educris’, o biblista da Diocese do Algarve lembrou que “os sinais são sempre gestos que remetem para outra dimensão” e sustentou que “se não forem entendidos pelos que os recebem não há comunicação salvífica”.
“Para podermos perceber estes gestos de Jesus, e hoje da Igreja, é preciso percebê-los. De outro modo eles mantem o mesmo conteúdo teológico e espiritual, mas não acontece o processo da vida divina”, apontou.
Recusando a ideia de que “uma vez convertido para sempre convertido”, o também coordenador da comissão de tradução da Bíblia da Conferencia Episcopal Portuguesa sustentou que “a vida cristã é um processo”.
As Jornadas Nacionais de Catequistas são promovidas pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), integrando a divulgação do novo Itinerário para a Catequese, editado pela Conferência Episcopal Portuguesa em 2022.
OC