Catequese: Famílias têm um «papel fundamental» no novo itinerário de iniciação cristã

Documento vai ser aprovado na próxima Assembleia dos bispos, após um ano de reflexão, e está a ser analisado no Encontro Nacional de Catequese

Vila Real, 06 abr 2022 (Ecclesia) – O presidente da Educação Cristã e Doutrina da Fé afirmou que as famílias têm um “papel fundamental” no novo itinerário de iniciação cristã e desafiou os pais a “caminhar com os filhos” e a fazer “novas sínteses de fé”.

“Temos de pensar a catequese num tríplice tripé, em três dimensões: a comunidade cristã, os destinatários, nos quais incluímos as famílias, não apenas as crianças, e os catequistas”, disse D. António Moiteiro à Agência ECCLESIA.

«Igreja em Sínodo: Catequese COM itinerário(s)» é o tema do Encontro Nacional de Catequese, que iniciou esta terça-feira em Vila Real com a participação de representantes de todos os secretariados diocesanos da catequese das 20 dioceses de Portugal.

D. António Moiteiro referiu que o propósito deste encontro é propor aos secretariados diocesanos da catequese um “estudo aprofundado” do novo itinerário de iniciação cristã, que acontece no terceiro dia do encontro, depois da apresentação de três temas: a reflexão sobre a sinodalidade, sobre os jovens e sobre a vocação.

Foto Agência ECCLESIA/PR

Na apresentação do primeiro tema, o padre Sérgio Leal afirmou não se pode “correr o risco da catequese ser o que acontece durante um sábado à tarde ou no domingo de manhã num salão paroquial ou num centro pastoral”.

“O primeiro grande desafio que sinodalidade provoca à catequese é de uma catequese que tem a comunidade cristã como primeiro sujeito da catequese”, afirmou o sacerdote da diocese do Porto em declarações à Agência ECCLESIA, após a conferência inaugural no Encontro Nacional de Catequese.

Em sintonia com a investigação que realizou, o padre Sérgio Leal apresentou aos responsáveis diocesanos de catequese os desafios pastorais que decorrem da reflexão sobre a sinodalidade na Igreja Católica, considerando que, também na catequese, é necessário fomentar uma cultura da “comunhão e da corresponsabilidade”, referindo que “sair de um modelo é sempre difícil” e é necessário alargar os “interlocutores da catequese”, rejeitando uma “dinâmica unidirecional” propondo “um caminho de construção conjunta”.

No segundo tema apresentado no Encontro Nacional de Catequese, o padre Ricardo Conceição disse que, como com as crianças e adolescentes, os jovens têm de ser protagonistas dos itinerários de educação cristã  e o relacionamento primordial com os jovens tem de acontecer pela escuta “com carinho, ternura e paciência”.

“É necessário saber adequar o anúncio fundamental de Jesus Cristo aos jovens concretos que têm a sua história de vida, para que percebe o que a fé cristã lhe pode dar”, afirmou.

O padre Carlos Carneiro abordou o tema da vocação no ambiente da catequese e apontou como primeiro desafio criar “condições antropológicas” de disponibilidade para acolher a proposta do Evangelho, onde o catequista tem um papel fundamental por ser a “única Bíblia que muitas pessoas conhecem ao longo da vida”.

“Um catequista é sempre um artesão do afeto para que cada um de nós possa aceitar por inteiro o que recebe”, afirmou numa videoconferência.

Para o sacerdote jesuíta, é necessário trabalhar mais a “moral da afetividade” do que “moral da consciência”, seguindo o exemplo de Jesus que “propõe o Evangelho de forma afetiva”.

“Quando se começa pela regra, há o perigo da pessoa ter uma fé muito estruturada, mas menos vivenciada”, afirmou, desfiando à “experiência do gratuito, da praia, do campo” como “oportunidade gigante para a transmissão da fé”.

Considerando que “a fé não se ensina só na casa, na igreja, mas em qualquer lugar do mundo”, o padre Carlos Carneiro desafiou os catequistas a habitar os lugares onde há maior “disponibilidade para o crescimento na fé” para que a resposta de adolescentes e jovens não seja só entrar na Igreja, mas “ficar, permanecer e construir a Igreja como casa e família”.

O itinerário de iniciação à vida cristã com as famílias, crianças e adolescentes vai ser aprovado definitivamente na próxima Assembleia Plenária, que decorre em Fátima entre os dias 25 e 28 e abril, após um ano de reflexão, para ser depois implementada através dos materiais catequéticos.

PR

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Agência ECCLESIA

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