Encontro Nacional insiste na preparação dos catequistas e na diversificação de conteúdos
A catequese está a negligenciar a inclinação para o religioso inerente à personalidade das crianças e adolescentes, considera a responsável pelo Departamento de Formação do Secretariado Nacional da Educação Cristã.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, Cristina Sá Carvalho sublinha que a abertura à simbólica e à estética, assim como a preocupação pela distinção entre o bem e o mal, constituem algumas das estruturas psicológicas dos mais novos que favorecem a adesão à transcendência.
A psicóloga destaca também a frequência com que as crianças e adolescentes anunciam os conteúdos cristãos e convencem familiares e amigos a aproximarem-se da Igreja: “Há muitos casos em que eles levam a mensagem para casa e trazem os pais e colegas da escola à catequese”.
A formação técnica e espiritual e a diversificação dos conteúdos são alguns dos temas em foco no Encontro Nacional de Catequese, que decorre no Funchal.
No entender de Cristina Sá Carvalho, a catequese não pode ser uma “experiência escolar” centrada na “transmissão da doutrina”, pelo que é preciso reforçar as dinâmicas que dão mais importância à Palavra de Deus e à liturgia.
Por outro lado, o testemunho e a “qualidade da experiência da fé do catequista” são questões centrais “numa catequese que quer converter, fazer discípulos e pessoas que vivem com alegria uma vida em Cristo”, explica a professora universitária.
“Não podemos dar o que não temos. Se a fé do catequista não é robusta nem contagiante, ele não consegue comunicar nada de válido”, sintetiza.
A aplicação dos conhecimentos e valores adquiridos após o itinerário catequético tem sido uma das inquietações da Igreja: “Os resultados que nós encontramos depois de muitos anos de catequese não são os mais animadores”, afirmou D. Anacleto Oliveira, bispo auxiliar de Lisboa, ao Jornal da Madeira.
“As crianças e jovens estão 10 anos connosco e a seguir o que é que acontece? Que tipo de transformação na sua vida, que tipo de prática cristã, de intervenção na sociedade e de liderança é que estes miúdos são capazes de fazer?”, questiona Cristina Sá Carvalho, que admite a necessidade de rever materiais, tempos e espaços da catequese, mas sem que essas alterações se possam considerar uma “revolução”.
A responsável adiantou que está para breve a edição de um novo manual: “Supomos que na assembleia especial dos bispos que vai decorrer em Junho será levado à aprovação o novo catecismo do 4.º ano”.
Quando se completar a remodelação dos livros do 5.º e 6.º “volumes”, actualmente em curso, ficará concluído o processo de renovação dos manuais da denominada “catequese de infância”, isto é, dos seis primeiros anos.
O Encontro Nacional de Catequese, organizado pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã, começou na Segunda-feira, tendo contado com a presença de cerca de 50 participantes de todo o país.
A iniciativa, que termina esta Quinta-feira, foi dedicada ao tema “A Catequese dos Adolescentes”.