Castelo Branco: Cáritas prepara refeições para os bombeiros e percorre localidades afetadas pelo fogo

Presidente da Cáritas Interparoquial explica que Serviço Municipal de Proteção Civil acionou uma equipa multidisciplinar, com várias entidades, para prestar apoio psicossocial à comunidade

Foto: Cáritas Interparoquial de Castelo Branco

Castelo Branco, 21 ago 2025 (Ecclesia) – A Cáritas Interparoquial de Castelo Branco coopera na preparação de refeições para os bombeiros e encontra-se a percorrer localidades atingidas pelo fogo no território, integrada numa equipa de apoio psicossocial, como resposta ao incêndio no concelho.

“A Cáritas de Castelo Branco, desde a segunda-feira de manhã, que tem equipas de voluntários, quatro de manhã, quatro de tarde, para preparar as refeições que são depois levadas para o teatro de operações”, explica a presidente da Cáritas Interparoquial de Castelo Branco, Maria de Fátima Santos, em declarações à Agência ECCLESIA.

A responsável fala de um “gesto simples”, mas “uma forma muito concreta de apoiar os bombeiros, que dão tudo de si, e também as populações”.

A Câmara Municipal de Castelo Branco informou que o incêndio que lavra em Castelo Branco, desde a tarde de segunda-feira, entrou hoje em fase de resolução.

O fogo entrou no município a partir do concelho do Fundão, tendo origem em Arganil, no distrito de Coimbra, onde deflagrou no dia 13 de agosto, tendo-se já estendido aos concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra), Seia (Guarda) e Covilhã (Castelo Branco).

O Serviço Municipal de Proteção Civil de Castelo Branco acionou uma equipa multidisciplinar para prestar apoio à comunidade, em articulação com algumas entidades, nomeadamente a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) – Delegação de Castelo Branco, a Cáritas Interparoquial de Castelo Branco e também o Serviço Social do Município.

Maria de Fátima Santos explica que está a ser dada prioridade às zonas por onde o fogo já passou, estando a ser feito um levantamento de necessidades e a ser transmitida “um pouco de fé e esperança no meio deste momento sombrio que as pessoas estão a viver”.

“Fui com um dos párocos, ontem [quarta-feira], que integra também essa equipa, levar um pouco também daquilo que é a nossa solidariedade, vendo as necessidades que existem e aquelas que nós também podemos colmatar e que podemos mediar com outras entidades”, indicou.

Esta quarta-feira foram visitadas cinco aldeias, dá conta a presidente da Cáritas Interparoquial de Castelo Branco, referindo que “as pessoas estão muito tristes”, mas ficam contentes e agradecidas pela “preocupação” demostrada e pela visita.

“Este apoio faz-lhes muito sentido, esta palavra espiritual”, salienta.

Segundo a responsável, em Castelo Branco há o registo de duas casas ardidas e casos em que se perderam animais devido ao fogo.

Sobre o apoio ao organismo, Maria de Fátima Santos refere que os contributos devem ser entregues à Cáritas Diocesana, para entrarem no Fundo Social Diocesano.

Foto: Lusa

Desde julho que Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão, sobretudo nas regiões Norte e Centro, que já provocaram três mortos, incluindo um bombeiro, e a destruição de casas, explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

Segundo dados oficiais provisórios, citados pela Lusa, até 21 de agosto arderam 234 mil hectares no país, mais de 53 mil dos quais só no incêndio de Arganil.

Maria de Fátima Santos defende que o Estado se deve preocupar mais com a prevenção dos incêndios, uma vez que todos os anos, em maior ou menor escala, o país se debate com os fogos.

Acho que se faz muito pouco, acho que depois quando chega o inverno, parece que se esquece o flagelo, e previne-se muito pouco”.

A responsável denuncia que há muitos locais “onde antigamente havia caminhos e agora estão cobertos de vegetação”, observando que se houver um carro de bombeiros que precise de passar, não consegue fazê-lo.

“As pessoas que estão a receber apoios sociais e que têm evidentemente saúde e perfil para isso, acho que deveria haver alguém que os orientasse, no sentido de durante todo o ano se fazer essa prevenção”, sugeriu.

Sobre a atuação do Governo face aos incêndios, a presidente Cáritas Interparoquial de Castelo Branco refere “que há muita coisa que tem que ser melhorada”, no entanto agora é “tempo de conjugar esforços no sentido de evitar mais danos”.

“Nós não podemos voltar atrás, mas podemos aprender alguma coisa para que não se volte a repetir”, sublinhou.

LJ/PR

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