Papa considera que o matrimónio entre homem e mulher «conferiu à Europa o seu aspecto particular e o seu humanismo»
Bento XVI assegurou hoje, no Vaticano, que a Igreja não pode aprovar iniciativas legislativas que impliquem “uma valorização de modelos alternativos da vida de casal e da família”.
O Papa falava perante o novo embaixador da Hungria, país que vai assumir a presidência de turno da União Europeia a partir de Janeiro de 2011.
Neste contexto, considerou que o matrimónio entre um homem e uma mulher “conferiu à Europa o seu aspecto particular e o seu humanismo”, porque “foi preciso aprender e conseguir continuamente a característica de fidelidade e de renúncia que o matrimónio traça”.
“A Europa deixaria de ser Europa se essa célula basilar da construção social desaparecesse ou sofresse uma mutação substancial”, alertou Bento XVI.
O Papa considera que os referidos “modelos alternativos” de casamento contribuem para “enfraquecer os princípios do direito natural, levando assim a uma relativização da legislação toda e da consciência dos valores da sociedade”.
“O matrimónio e a família estão hoje em risco”, indicou, “pela erosão dos seus valores mais íntimos de estabilidade e indissolubilidade, por causa de uma crescente liberalização do direito ao divórcio e pelo hábito, cada vez mais difundido, de convivência de homem e mulher sem a forma jurídica e a protecção do matrimónio”.
Bento XVI apontou ainda o dedo aos “diversos tipos de união que não têm qualquer fundamento na história da cultura e do direito na Europa”.
A propósito da nova Constituição húngara, em preparação, o Papa fez votos de que esta “se inspire nos valores cristãos, de modo particular no que diz respeito à posição do matrimónio e da família, na sociedade e a protecção da vida”.
O parlamento português aprovou no início de 2010 a proposta do Governo que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Sobre esta matéria, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmara a sua oposição a qualquer lei que “equipare as uniões homossexuais ao casamento das famílias constituídas na base do amor entre um homem e uma mulher”.
Numa Nota Pastoral intitulada “Em favor do verdadeiro casamento”, a CEP lamentava o que considera ser uma “tentativa de desestruturar a sociedade portuguesa”.
O documento rejeita que “a união entre pessoas do mesmo sexo possa ser equiparada à família estavelmente constituída através do casamento entre um homem e uma mulher”.