«Cartas ao Papa» dadas ao conhecer ao mundo

Obra de D. António Ferreira Gomes com traduções em italiano e francês As “Cartas ao Papa”, de D. António Ferreira Gomes, acabam de ser apresentadas em Roma, na sua tradução em italiano, e proximamente serão lançadas em francês. Esta é, para D. Carlos Azevedo, uma homenagem que peca por tardia, mas que irá permitir “levar a outros países o desafio de um homem com uma experiência rara”, fruto dos 10 anos de exílio por causa das suas posições. O Bispo Auxiliar de Lisboa – um dos maiores conhecedores da vida e obra do Bispo do Porto e autor do perfil biográfico que acompanha a tradução italiana – esteve na Itália para o lançamento das “Lettere al Papa” e destaca à Agência ECCLESIA que estamos na presença de alguém “que tem a autoridade da sua própria vida”. A iniciativa da Fundação Spes procura que as traduções sejam lançadas por uma editora do próprio país, com introdução de teólogos locais – no caso da tradução italiana, Marco Salvati, OP, da Universidade Pontifícia de S. Tomás, em Roma. D. Carlos Azevedo lembra que esta obra apresenta “as reflexões de um Bispo, já depois da experiência pastoral” e mostra uma “visão alargada dos problemas da Igreja, uma visão livre própria do pensamento de D. António, que aponta caminhos para o diálogo”. Admitindo que algumas das posições apresentadas são polémicas, o Bispo Auxiliar de Lisboa apresenta o exemplo da carta sobre a Vida Consagrada para frisar que “este é um tema que está sempre subjacente”. Outras questões marcantes são as da diplomacia pontifícia, as formas da Reconciliação que a Igreja pode vir a introduzir, a colegialidade episcopal e o ministério petrino. “Todas elas são questões que não deixam de ser oportunas nem perderam a sua actualidade, apresentando desafios para as novas questões que a Igreja tem”, assegura. Particularmente significativa, no caso do lançamento da edição italiana (Città Nuova), foi a presença do Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, que classificou D. António como um “precursor” do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, confrontando passagens das duas obras em questão. Levi Guerra, director do Instituto Cultural com o nome do Bispo do Porto, relata na “Voz Portucalense” desta semana que “todos os portugueses presentes partilhámos entre nós uma sentida emoção ao ver assim D. António finalmente enaltecido e honrado numa prestigiadíssima Universidade da Igreja e de Roma”. D. Carlos Azevedo confirma que foi “comovente e muito significativo” ter assistido “à reflexão do Cardeal que está por dentro dos temas essenciais que foram objecto de debate da vida e do pensamento de D. António Ferreira Gomes”. O prelado lembra ainda que, em Portugal, por ocasião da celebração do nascimento de D. António, 18 Bispos estiveram presentes na sua, na sua terra natal, mostrando que “não há hostilidade” em relação a esta figura.

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