Caríssimos Diocesanos,
Irmãos e irmãs em Cristo,
A vós, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação. Ele nos consola em toda a nossa tribulação, para que também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus. (2 Cor 1, 2- 4)
Com estas palavras do Apóstolo Paulo saúdo-vos afectuosamente. Como ele, em união espiritual convosco, começo por abrir o coração bendizendo a Deus pelos dons de consolação com que confortou a nossa Igreja diocesana ao longo do ano pastoral findo.
Dons de consolação
Destaco apenas alguns mais significativos em que sobressaíram a beleza e a alegria de ser e sentir-se Igreja – Comunhão de fiéis em Cristo e corresponsáveis na sua vitalidade: o retiro popular, durante a Quaresma, com a participação de 6000 pessoas; os encontros de formação, em cada vigararia, para os membros dos conselhos pastorais e económicos das paróquias, que abrangeram 1500 colaboradores; o culminar do ano pastoral com a “Festa da Fé: Rosto(s) da Igreja diocesana”. Este evento suscitou uma adesão popular surpreendente e deu visibilidade ao rosto da nossa Igreja na variedade das suas comunidades, dos seus movimentos, grupos e serviços. Foi uma verdadeira festa da fé que irradiou alegria, comunhão e fraternidade na cidade dos homens.
Não posso deixar de referir as celebrações da abertura e do encerramento do Ano Sacerdotal, com a evocação de figuras exemplares de sacerdotes que pertenceram ao presbitério diocesano. Ajudaram, sem dúvida, a redescobrir o dom do sacerdócio para a beleza e saúde espiritual da Igreja e do mundo; a reforçar a fraternidade entre os padres; a cuidar das vocações sacerdotais. Considero uma verdadeira graça do Ano Sacerdotal a ordenação de um diácono e a entrada de seis novos seminaristas para o nosso Seminário Maior.
Como momento culminante lembro a inesquecível peregrinação do Santo Padre a Fátima que nos trouxe um novo ânimo à fé e nos fez sentir Igreja viva, alegre e missionária.
O percurso pastoral
Seguindo o percurso traçado pelo Sínodo diocesano iniciamos agora um novo biénio voltado para a missão e o testemunho da Igreja e dos cristãos no mundo, sob o lema tão apelativo: “O serviço à pessoa é o caminho da Igreja”.
Este ano pastoral é dedicado à caridade e à acção sócio-caritativa. Vem na continuidade dos anos precedentes dedicados ao acolhimento, à vocação cristã, à revitalização da fé e à comunhão e corresponsabilidade na Igreja. A caridade engloba os temas anteriores, inspira-os e é como o seu coroamento, fazendo-os amadurecer e frutificar.
“Partindo da comunhão dentro da Igreja, a caridade abre-se, por sua natureza, ao serviço universal, frutificando no compromisso dum amor activo e concreto por cada ser humano. Esta dimensão caracteriza, de modo igualmente decisivo, a vida cristã, o estilo eclesial e a programação pastoral. É de esperar que o século e o milénio que estão a começar vejam, de modo ainda mais eficaz, o grau de dedicação a que pode levar a caridade para com os mais pobres” (NMI n. 49).
De facto, como dizia Santo António, “a caridade é a alma da fé, torna-a viva. Sem o amor, a fé morre”. Além disso, ela é a alma da missão evangelizadora da Igreja: é o modo mais belo, mais atraente e mais credível de comunicar o Evangelho.
A caridade, em todas as suas formas, é o testemunho supremo que podem dar os crentes num Deus-Amor. Ela representa o resplendor da vida cristã e eclesial: faz resplandecer a Beleza do Amor divino que sustenta e salva o mundo. “Só a caridade salvará o mundo”, era o programa de S. Luís Orione, recentemente canonizado. A caridade e a pastoral sócio-caritativa são a expressão do amor misericordioso e libertador de Deus, o sinal mais credível para dizer quem é Deus, Deus Amor, e o que Ele quer de nós. Viver a caridade toca pois, profundamente, a qualidade da vida e da missão da Igreja e das comunidades cristãs.
Para este Ano Pastoral propomo-nos três objectivos: redescobrir a caridade como forma (estilo) de ser da existência cristã, pessoal e comunitária; desenvolver a espiritualidade da gratuidade, da disponibilidade, da partilha e do serviço aos irmãos; repensar e reorganizar os serviços sócio-caritativos nas comunidades cristãs.
Como lema bíblico escolhemos uma frase de Jesus extraída do seu discurso de despedida na Última Ceia: “Como eu vos fiz, fazei vós também” (Jo 13, 15). E como símbolo escolhemos precisamente o ícone do “lava pés” dos Apóstolos, onde se encontra a frase citada, a evocar o gesto de Jesus como fonte, modelo e sentido de todo o serviço de caridade.
1. ROSTOS DE POBREZA NO CENÁRIO DO MUNDO
Através dos meios de comunicação social tornamo-nos hoje cada vez mais conscientes de quanto se sofre no mundo. Quer se trate da sociedade no seu conjunto, da família ou da situação interior de cada pessoa, deparamos com as noites da dor humana, das solidões do mundo, de todas as fragilidades e necessidades que clamam por atenção, ajuda e apoio.
O fenómeno da globalização faz emergir novos e múltiplos rostos da pobreza. De facto, “a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos” (CV n. 19). Vamos contemplar brevemente os rostos da pobreza em três cenários.
1.1. O cenário socioeconómico
O actual cenário do mundo é de crise socioeconómica com consequências tremendas a vários níveis. Estamos perante paradoxos que denunciam um “mal-estar de civilização”: aumenta a riqueza mas crescem as desigualdades; aumenta a produção mas morre-se de fome; aumenta o consumismo mas sobem os índices de infelicidade.
Uma breve amostra estatística, a nível mundial, revela-nos como a situação é clara e arrepiante: 1.300 milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia; 20% da população mundial absorve 82% dos recursos mundiais enquanto 80% da população dispõe apenas de 18%. Segundo dados da FAO, em cada dia, no mundo, morrem à fome cerca de 36.500 crianças. Por ano são 13 milhões de vítimas inocentes! As desigualdades são demasiado grandes e gritantes.
Entre nós, 18% da população vive em situação de pobreza. O desemprego é um flagelo e uma das causas primárias da exclusão social. Hoje, a injustiça, a pobreza, a fome e a exclusão social são uma interpelação humana que brada aos céus.
Este cenário põe-nos diante da pobreza relativa às necessidades materiais: alimentação, vestuário, saúde, casa, trabalho, recursos económicos. É talvez a pobreza que conhecemos melhor e que atinge famílias inteiras.
1.2. O cenário cultural
A crise económica não explica o amplo leque de situações de fragilidade e de precariedade, muitas vezes camufladas e escondidas, presentes na nossa sociedade.
Ainda se nota uma grande sensibilidade e solidariedade para com as vítimas das grandes calamidades. Mas a cultura dominante do nosso quotidiano está muito marcada pelo individualismo calculista. “Pensa em ti” é a advertência que ouvimos desde pequenos. A defesa de si mesmo, dos próprios interesses e do próprio dinheiro é, tantas vezes, a primeira e, porventura, a única preocupação de muitos. Uma cultura que quer contabilizar tudo e deseja que tudo seja pago perde o sentido do dom, do serviço aos outros, da solidariedade, e gera marginalização.
A nossa sociedade tornou-se uma rede mundial de possibilidades de comunicação. No entanto, o ritmo estressante e a superficialidade da vida tornam difícil o verdadeiro encontro pessoal, o acolhimento, a atenção, a presença aos outros, a comunicação profunda, que atinge o próprio ambiente familiar.
“Uma das pobrezas mais profundas que o homem pode experimentar é a solidão” (CV n. 53), que, por vezes, leva ao desespero. Por falta de amor morre-se, chega-se a desejar e programar a morte.
Este cenário põe-nos diante da pobreza relativa às necessidades relacionais: a solidão, o abandono, a indiferença, o esquecimento que afectam particularmente os sós, os idosos, os doentes, os portadores de deficiência, os sem abrigo, os migrantes…
1.3. O cenário do coração humano
Todas estas fragilidades se repercutem no coração humano, no íntimo das pessoas. Estar sós, privados de afecto, de companhia, de ajuda e solidariedade leva o ser humano à desolação, à infelicidade. Este aspecto acentua-se, hoje, por uma determinada cultura vazia de grandes ideais, de valores, de espiritualidade e de fé, o que leva o indivíduo a fechar-se no seu pequeno mundo e a gozar o momento presente. Isto provoca crises de interioridade, a perda de confiança na vida, o medo do futuro e uma quebra da fraternidade e da compaixão.
Este cenário põe-nos diante da pobreza moral e espiritual que está na raiz de muitas fragilidades da vida pessoal e social, e se manifesta em formas de perturbações psíquico-espirituais, em depressões e em processos de autodestruição na droga, no álcool e na violência.
Em síntese, o problema central que atormenta a vida de muitos e da sociedade, neste cenário do mundo, é a falta de amor. Di-lo bem a Madre Teresa de Calcutá: “A pior doença do Ocidente de hoje não é a tuberculose ou a lepra, mas o não sentir-se amados e desejados, o sentir-se abandonados. A medicina pode curar as doenças do corpo, mas a única cura para a solidão, o desespero e a falta de perspectivas, é o amor. Há numerosas pessoas no mundo que morrem porque não têm sequer um pedaço de pão; mas um número ainda maior morre por falta de amor”.
1.4. Para uma caridade mais criativa
Perante os desafios do cenário traçado compreendemos o apelo de João Paulo II a “uma nova fantasia da caridade”, isto é, uma caridade mais criativa face às novas interpelações. Mas ainda tem sentido falar de caridade, hoje? Não seria mais próprio falar de justiça?
Antes de mais, convém esclarecer que a caridade não se reduz a dar uma esmola ou a prestar uma ajuda ou assistência. É muito mais que isso. A caridade é, ao mesmo tempo, relação, doação e serviço de amor concreto a todo o ser humano necessitado de ajuda. Assim entendida, engloba, inspira e anima o empenho pela justiça na sociedade. Trata-se da “caridade social ou política”, de que nos ocuparemos no próximo ano.
Paulo VI afirmava que “a justiça é a medida mínima da caridade”. A caridade não substitui a justiça. Por sua vez, a justiça nunca poderá tornar supérfluo o amor de proximidade como relação, serviço, partilha, apoio concreto e consolação ao próximo, àquele que sofre, sobretudo aos pobres e desprotegidos. É desta “caridade de proximidade”, enquanto actividade organizada da comunidade cristã, que tratamos aqui como testemunho do Evangelho, que faz crescer a cultura da solidariedade e contribui para a civilização do amor.
2. DE DEUS-AMOR AO AMOR DO PRÓXIMO
A beleza e a riqueza da caridade cristã só se compreendem plenamente a partir do mistério de Deus-Amor que se torna visível e próximo nas palavras e nos gestos de Jesus para contagiar os nossos corações e os nossos dias. O que os Apóstolos viram e tocaram era o amor de Deus descido à terra: Jesus. E foi de tal modo extraordinário que, para dizer ao mundo este novo amor, viram-se obrigados a encontrar uma palavra grega então raramente usada: ágape, isto é, caridade. Este vocábulo passou então a designar o próprio Deus (Deus é Amor); o amor gratuito, terno, compassivo e misericordioso de Deus aos homens; o amor do homem a Deus e o amor do homem para com o seu semelhante.
Assim, vamos contemplar esta beleza da caridade em três passagens do Evangelho, que formam um tríptico sobre o mesmo tema.
2.1. O Ícone do Lava-Pés (Jo 13, 1-17): Como eu vos fiz, fazei vós também
É um texto característico da Quinta-Feira Santa. Pertence ao discurso do adeus de Jesus, na Última Ceia, em que Ele nos deixou o seu testamento.
“… Amou-os até ao fim”
A frase de abertura ilumina e dá sentido a todas as palavras e gestos de Jesus na Última Ceia: “Jesus, sabendo que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”.
Com estas palavras tão solenes, o evangelista introduz-nos na “hora” da morte e ressurreição de Jesus, como expressão máxima e total do seu amor. É neste contexto que devemos captar o significado e o alcance do lava-pés.
“Compreendestes o que eu vos fiz?”
Estamos diante de um gesto simbólico e profético, “subversivo” e provocador. É o próprio Jesus que o explica: Ele assume a forma de servo (o Servo dos servos) invertendo a relação normal entre o Mestre e os discípulos. Neste gesto resume todo o seu mistério, o essencial da sua vida, da sua missão e paixão. Toda a sua vida foi um serviço de doação e entrega de amor e por amor até ao fim.
Além disso, neste episódio contemplamos a revelação desconcertante de um Deus ao serviço do homem por amor. Sim, Deus inclina-se e ajoelha-se aos pés do homem, em atitude humilde, inclusive diante do seu inimigo que é Judas. As mãos de Jesus são a extensão das mãos do Pai que nos lava no seu Amor para nos purificar do egoísmo e nos tornar participantes da sua comunhão de vida e do seu próprio amor: “Se não te lavar os pés, não terás parte comigo”.
“Como eu vos fiz, fazei vós também.”
Da relação entre o Mestre e os discípulos, Jesus passa à relação entre os próprios discípulos: “Dei-vos o exemplo: como eu vos fiz, fazei vós também…Também vós deveis lavar os pés uns aos outros”. Em concreto, significa estar ao serviço uns dos outros sem reservas e sem desejos de poder; a nossa disponibilidade para os outros em atitude de doação, aprendendo pouco a pouco o modo de ser e viver de Jesus. O lava-pés faz-nos sentir amados e capazes de amar!
“Dou-vos um mandamento novo…”
Compreendemos assim as palavras que Jesus dirige, de seguida, aos discípulos e a todos nós: “Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também vós uns aos outros. Nisto reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13, 34).
O “mandamento novo” não consiste numa norma nova e difícil. A novidade é o dom que nos introduz no próprio amor de Cristo que se torna o fundamento e a fonte permanente do amor recíproco. Este passa a ser o sinal distintivo da identidade do cristão e da comunidade cristã. “O amor em abstracto nunca terá força no mundo se não lança as suas raízes em comunidades concretas, construídas sobre o amor fraterno” (Bento XVI).
Deste modo, Jesus funda a Igreja no Amor, constitui-a comunidade de amor e serviço, traça a sua missão no mundo e indica o sinal da credibilidade cristã.
2.2. O Ícone do Bom Samaritano ( Lc 10, 25-37): Vai e faz o mesmo tu também
A parábola do Bom Samaritano é uma autêntica pérola do Evangelho. Indica-nos como viver no mundo e no dia-a-dia o amor que Deus derrama nos nossos corações. Mostra-nos o caminho do amor que Jesus percorreu em primeiro lugar, Ele, o Bom Samaritano por excelência.
O homem “meio morto”
No homem assaltado, espancado e abandonado entra a vida e a morte, podemos ler a história da humanidade sofredora: do ser humano com todas as feridas do corpo e do espírito que desfiguram a sua humanidade; de todo o homem e mulher atingidos pela violência, pela indiferença, pelo abandono, pelo desamparo, pela solidão e marginalização.
“Viu-o e encheu-se de compaixão”
Antes de descrever os gestos concretos com que o samaritano cuida do homem moribundo, a parábola diz: “Viu-o e encheu-se de compaixão”, ou mais à letra, “comoveu-se até às entranhas”. Esta palavra “comoção” – que na Bíblia designa o amor entranhado e compassivo de Deus para com os homens – descreve o acontecimento misterioso que brotou no coração do samaritano, que o atraiu para dentro do amor entranhado de Deus e o envolveu na sua profundidade e totalidade; que lhe abriu os olhos, o levou a fazer-se próximo do homem ferido e a cuidar dele.
Um coração que vê e actua
À compaixão de Deus está ligada uma nova forma de ver: um coração que vê! “Jesus Cristo não nos ensina uma mística ‘dos olhos fechados’, mas sim uma mística do ‘olhar aberto’; e, com isso, o dever de perceber a condição dos outros, a situação em que se encontra aquele homem que, segundo o Evangelho, é o nosso próximo. O olhar de Jesus, a escola dos olhos de Jesus introduz numa proximidade humana, na solidariedade, na partilha do tempo, dos dotes e também dos dons materiais” ( Bento XVI).
“Trata bem dele”
O samaritano cuidou daquele homem abandonado com gestos de ajuda concreta para o restabelecer. Nestes gestos deu-se a si mesmo. Verificando que por si só não o podia ajudar até ao fim, compreendeu que era necessário o envolvimento dos outros, a sua colaboração, a ajuda solidária e eficaz. Confia o homem ferido ao cuidado do dono da estalagem: “trata bem dele…”. Assim, comunica também aos outros a compaixão pelo outro.
“Qual te parece ter sido o próximo?”
No diálogo com o doutor da Lei vem ao de cima a novidade introduzida por Jesus: o próximo é aquele que se faz próximo daquele que precisa de ajuda. Próximo não é o nome do outro, do homem meio morto; é o nome do samaritano, o nome de todo o homem que se aproxima, com a compaixão de Deus, dos pobres e abandonados, e actua.
“Vai e faz o mesmo tu também”
Eis o convite e o mandato a tornar-se próximo no amor, na atenção, no cuidado, na partilha e no serviço a todo o ser humano. Eis a missão da Igreja samaritana da humanidade, enviada ao mundo, a cada ser humano e a cada povo, para levar a compaixão, a dignidade e a esperança dos filhos de Deus. Como diz Bento XVI: “O programa do cristão – o programa do Bom Samaritano, o programa de Jesus – é ‘um coração que vê’ onde há necessidade de amor e actua em consequência” (DCE n. 31).
2.3. O Ícone do Juízo Universal ( Mt 25, 31-46): …Foi a mim mesmo que o fizestes.
Na história da espiritualidade cristã, dificilmente encontramos um texto que tenha suscitado um fascínio tão grande como este discurso de Jesus sobre o Juízo Universal.
Não estamos perante uma reportagem de tipo jornalístico sobre o fim do mundo e o juízo final. Trata-se do discurso conclusivo de Jesus para mostrar que a dimensão do amor do próximo está no centro do Reino de Deus, que foi apresentado ao longo do Evangelho. Esse amor ao próximo joga um papel decisivo nas opções de cada um em relação a Cristo. Esta mensagem é-nos apresentada numa cena grandiosa, cheia de elementos simbólicos: a convocação de todos os povos diante de Cristo, Pastor da humanidade, Senhor e Juiz da história.
“Tive fome e destes-me de comer…”
Esta página evangélica diz-nos que, no final, todos seremos julgados pelo amor. A grande surpresa dos “julgados” é precisamente o critério do exame ou juízo: “Tive fome e destes-me de comer … Senhor, quando foi que te vimos com fome…?”. O critério do juízo é o amor manifestado nas obras de misericórdia.
“Foi a mim mesmo que o fizestes”
Contudo, a grande novidade do texto é que Cristo se identifica com aqueles que passam fome, sede, nudez, doença, prisão… “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”. Já não se pode separar Cristo dos necessitados, dos pobres. O que se faz de bem a eles, é ao próprio Cristo que se faz. Não os servindo, não se serve a Cristo. Jesus é amado no amor de uns pelos outros.
Nesta passagem, Jesus enumera as obras de misericórdia. A salvação ou a ruína passam por estes pequenos/grandes gestos quotidianos. Todos podemos percorrer o caminho das obras de misericórdia, actualizando-as nos dias de hoje. Elas são os sinais postos no caminho do amor.
Sintetizando, podemos concluir com um belo texto do Papa Bento XVI: “A caridade é o distintivo do cristão. É a síntese de toda a sua vida: do que crê e do que faz. É a luz que dá bondade e beleza à existência de cada homem. É o comportamento de quem responde ao amor de Deus e faz da própria vida um dom de si a Deus e ao próximo. É o caminho da santidade. A vida dos santos, de cada santo, é um hino à caridade, um cântico vivo ao amor de Deus”!
3. A IGREJA, CASA E ESCOLA DA CARIDADE
Chegados aqui vamos tirar algumas conclusões de ordem prática que sirva de orientação à programação da pastoral sócio-caritativa.
Antes de mais, a caridade é uma componente fundamental da vida e da missão da Igreja, de cada comunidade cristã e de cada fiel cristão, tal como o são o anúncio do Evangelho e a celebração dos Sacramentos da Graça. A Igreja vive da caridade: anuncia-a, celebra-a e testemunha-a.
A caridade deveria pois tornar-se o estilo habitual de viver da comunidade cristã, a sua linguagem quotidiana, o modo com que ela se aproxima de cada pessoa, a marca de todo o itinerário catequético, a forma que deve caracterizar toda a relação, a atitude com que se exerce cada ministério e serviço. De resto, ela é uma linguagem universal que não precisa de intérpretes. Desde sempre a Igreja anunciou o Evangelho com os gestos da caridade.
“O amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais para cada um dos fiéis, mas é-o também para a comunidade eclesial inteira, e isto a todos os seus níveis: desde a comunidade local, passando pela Igreja particular, até à Igreja universal na sua globalidade. A Igreja também enquanto comunidade deve praticar o amor” (DCE n. 20). A comunidade cristã, no seu conjunto, é portanto sujeito da caridade e esta não é delegável a um grupo de boa vontade, a uma instituição social ou a especialistas na matéria.
Assim, a primeira preocupação de cada comunidade deverá ser a de sensibilizar, educar e formar todos os seus membros para a vivência e o testemunho da caridade. Como? Nas indicações que seguem propomos um itinerário de formação e de acção.
3.1. Cultivar a espiritualidade do dom, da partilha e do serviço
A caridade cristã, como nos ensina S. Paulo (cf 1 Cor 13), exprime-se antes de mais em orientações profundas da pessoa humana. Não é uma mera filantropia. O motivo principal do agir deve ser sempre o amor de Cristo derramado nos nossos corações. A caridade é, então, mais do que uma simples actividade de ajuda; é relação e dom de si na partilha e no serviço. Este dom deve ser humilde, liberto de qualquer sentido de superioridade. A sua força vem do alto. Como viver pois a caridade sem alimentar a sua chama interior na Palavra, na oração e na meditação?
O amor evangélico exige um trabalho delicado no coração de cada um de nós: um verdadeiro itinerário espiritual que requer a escuta da Palavra de Deus, um exercício paciente de conversão dos pensamentos, sentimentos, comportamentos e reacções, uma purificação do egoísmo e comodismo, uma grande disponibilidade ao amor pelos mais frágeis, uma generosa capacidade de partilha, uma participação mais calorosa e atenta na vida da comunidade. É indispensável um fervor espiritual que nos pode contagiar na familiaridade com a vida dos santos.
Para ajudar a cultivar esta espiritualidade continuaremos, como nos anos anteriores, a propor o Retiro para o Povo de Deus, durante a Quaresma, sob a forma de uma breve “Leitura orante da Palavra de Deus” (lectio divina), acompanhada pelo testemunho da vida de alguns santos e de outros exemplos luminosos da caridade. Peço aos párocos que se empenhem com toda a paixão na divulgação, no incentivo e na preparação adequada e atempada deste retiro para que possa produzir muitos frutos.
3.2. O testemunho do amor fraterno
O primeiro testemunho é o do amor fraterno dentro da comunidade cristã. Sem um estilo de fraternidade, de proximidade, de cuidado das relações entre as pessoas, os grupos e os movimentos, a comunidade não irradia o Evangelho da caridade, não realizará a sua missão. Jesus afirma que reconhecerão os seus discípulos pelo amor recíproco. É preciso que as nossas comunidades dêem exemplo de relações pessoais sinceras, acolhedoras, pacientes, reconciliadoras. Só assim se tornarão testemunho e profecia da caridade.
Sem o cuidado das relações fraternas, a comunidade assemelha-se a uma pequena ou média empresa que funciona mais ou menos, onde as prestações e os balanços contam mais do que as relações. Ora a Igreja não nasceu como uma empresa, mas sim como uma família, onde o que conta é a atenção às pessoas e a relação fraterna.
3.3. O testemunho de proximidade aos mais vulneráveis e aos mais pobres
A dedicação e o apoio à pessoa do irmão necessitado são um aspecto irrenunciável da caridade, particularmente para com os mais vulneráveis e os mais pobres, os que são abandonados até ao limite da resistência porque não conseguem fazer-se ouvir. “O amor preferencial pelos pobres é uma dimensão necessária do ser cristão e do serviço do Evangelho”(EE n. 86).
Trata-se, antes de mais, de abrir os olhos e o coração para tomar consciência das pessoas que vivem uma situação de necessidade; para aprender a reconhecer as pobrezas com que muitas vezes se convive na maior indiferença; para identificar e partilhar as diversas situações de fragilidade. Penso em concreto nos doentes, nos idosos, nos sós, nos portadores de deficiência e seus familiares, nas vítimas da crise económica, nos sem abrigo, nos migrantes, nos ciganos, nas situações de violência doméstica e de dependência da droga ou do álcool.
Torna-se pois necessário que cada comunidade trace um quadro o mais completo possível das diversas formas de pobreza e de fragilidade que existem no seu meio e verifique as possibilidades, os meios e os modos de actuação.
3.4. A caridade no itinerário da iniciação cristã
Ser iniciado à fé implica necessariamente ser iniciado ao amor fraterno. Então há que fazer da caridade uma componente indispensável da catequese, de modo a proporcionar às crianças e aos adolescentes a aprendizagem da capacidade de doação, de partilha e de serviço. Esta aprendizagem deveria tornar-se prática habitual para os crismandos através de experiências concretas – bem preparadas, acompanhadas e orientadas –, de visita e até de serviço a instituições que cuidam dos mais vulneráveis.
3.5. A Eucaristia, Sacramento da Caridade
Outro momento de iniciação à caridade e fonte permanente do seu dinamismo é a celebração da Eucaristia. Nela “Jesus faz de nós testemunhas da compaixão de Deus por cada irmão e irmã; nasce assim, à volta do mistério eucarístico, o serviço da caridade para com o próximo, que consiste precisamente no facto de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou nem sequer conheço. (…) Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo. Desta forma, nas pessoas que contacto reconheço irmãos e irmãs, pelos quais o Senhor deu a sua vida amando-os ‘até ao fim’ ( Jo 13, 1)” (SC n. 88).
O próprio gesto da paz, na celebração, convida-nos a “fazer-nos próximo” da pessoa que está a nosso lado; não porque a escolhemos nós mas porque Deus a chamou e a pôs aí. A recolha das ofertas também promove a atenção e a solidariedade para com as necessidades dos irmãos.
Recomendo aos sacerdotes que, na celebração da Santa Missa, usem mais frequentemente a Oração Eucarística V/D, do Missal Romano, intitulada “Jesus passou fazendo o bem”.
3.6. A cooperação missionária
Uma forma importante de caridade fraterna é a cooperação missionária entre as Igrejas, com particular atenção às Igrejas do chamado Terceiro Mundo. O intercâmbio dos dons da fé e dos valores culturais e a comunhão dos bens económicos oferecem um campo imenso de prática da caridade em ordem à promoção humana e cristã.
A nossa Diocese está envolvida numa geminação com a diocese do Sumbe em Angola. Temos a trabalhar na missão do Gungo uma equipa constituída por um padre e alguns leigos voluntários. Faço um apelo para que esta realidade seja dada a conhecer em cada uma das nossas comunidades, de tal modo que se torne interpeladora e suscitadora de vocações missionárias entre os jovens e menos jovens, em forma de voluntariado, e que cada comunidade se sinta corresponsável neste projecto.
3.7. Serviços diocesanos de apoio à pastoral sócio-caritativa
A Diocese tem vários serviços centrais organizados para promover e apoiar a prática da caridade, em todas as suas formas e em todas as comunidades, sob a coordenação do Departamento da Pastoral Social, a saber: a Caritas Diocesana, a Comissão Diocesana Justiça e Paz, o Serviço de Pastoral da Saúde e o Serviço de Apoio Pastoral à Mobilidade Humana.
A Caritas é a expressão da actividade sócio-caritativa organizada da nossa Igreja diocesana. É, pois, um organismo pastoral para ajudar toda a comunidade diocesana a tornar-se comunidade de caridade, respondendo às necessidades imediatas das situações de pobreza. Para alcançar este objectivo compete-lhe também promover acções de sensibilização e coordenar e apoiar as iniciativas dos vários grupos sócio-caritativos que actuam neste âmbito.
É oportuno que, sob a orientação do Departamento da Pastoral Social, se avalie e repense o serviço sócio-caritativo a nível diocesano em ordem a uma actividade mais coordenada e criativa. Neste sentido, apelo à reflexão conjunta e à procura de caminhos de cooperação que envolva as instituições de solidariedade social, as misericórdias, as conferências vicentinas, as confrarias e outras, que reforce a identidade e motivação cristã dos seus serviços, possibilite economia de meios e pessoas e leve a servir mais e melhor as pessoas carenciadas.
3.8. Serviço sócio-caritativo paroquial
Em cada comunidade, o serviço da caridade deve ser cuidado, organizado e estruturado, tal como os serviços da Palavra e da Liturgia, para que a caridade não seja algo meramente pontual ou ocasional. Para tal é preciso que se encontrem espaços, instrumentos e pessoas.
Em ordem a tornar efectiva a prática da caridade é necessário que em cada paróquia se constitua um serviço sócio-caritativo reconhecido e com representação no Conselho Pastoral. Este serviço assumirá a função de animar e coordenar a prática da caridade na diversidade das expressões existentes, de modo a que se possa fazer uma programação calendarizada de iniciativas, encontros e celebrações tal como se faz com a Catequese e a Liturgia.
Para uma resposta mais pronta e eficaz às situações de necessidade é salutar que os serviços sócio-caritativos das paróquias trabalhem em rede dentro de cada vigararia e com a Caritas diocesana.
3.9. Promoção do voluntariado
A experiência do voluntariado é uma autêntica escola de vida e de fraternidade onde se aprende a acolher o outro, a cultivar o espírito de generosidade e serviço, a partilhar os dons e a pô-los a render em prol dos outros. Para os jovens é um caminho particularmente eficaz para lhes abrir horizontes de solidariedade, para orientar as suas energias, por vezes desperdiçadas em experiências de transgressão, para vencer as próprias fragilidades e os preparar para as opções maduras da vida.
De igual modo, podem ser valorizadas as possibilidades de muitos profissionais leigos que, por vezes, apenas estão à espera de poderem pôr à disposição do bem comum as suas competências e, assim, se sentirem participantes na comunidade eclesial.
A paróquia pode tornar-se o espaço adequado onde confluam estas competências e boas vontades, promovendo quanto existe de bom e de válido nas malhas do tecido social.
Apraz-me aqui reconhecer e agradecer à multidão de pessoas que, nos vários âmbitos da Igreja diocesana, nas paróquias, em inúmeros serviços e instituições, mesmo civis e de solidariedade, exercem o voluntariado, gratuita e dedicadamente, ao serviço das pessoas carenciadas. Bem hajam!
3.10. Perfil específico e a necessidade de formação
“Fazer bem o bem que se faz” é uma exigência da caridade inteligente e respeitadora da dignidade da pessoa. Não basta pois o voluntarismo ou o amadorismo. É necessária uma formação específica e por vezes especializada que tenha em conta o perfil específico da actividade caritativa da Igreja.
Requerem-se, antes de mais, competência profissional, continuidade no empenho assumido, conhecimento dos problemas, disponibilidade para trabalhar juntos nos objectivos e projectos. É fundamental a capacidade de actuar em rede para optimizar os recursos sem dispersar forças.
Todavia, a actividade caritativa não pode ser reduzida a uma mera assistência social nem ser compreendida só a partir da lógica profissional. Para além da ajuda ou apoio material, ela é expressão de amor e atenção à pessoa na sua totalidade. “Por isso, para tais agentes, requer-se também e sobretudo a ‘formação do coração’… a dedicação ao outro com todas as atenções sugeridas pelo coração, de modo que ele sinta a riqueza da sua humanidade” (DCE n. 31): a proximidade, o acolhimento, a escuta, a relação, a ternura, a partilha…
A actividade caritativa da Igreja, como facilmente se compreende, deve ser independente de ideologias e partidos, sem proselitismo, não lucrativa e humilde na aproximação aos necessitados.
A cooperação com os organismos do Estado é ditada por objectivos comuns em ordem a servir mais, melhor e mais eficazmente. Esta cooperação exige seriedade da parte das instituições da Igreja e o cuidado para não deixar que se perca a sua identidade cristã.
Ao longo do Ano Pastoral promoveremos uma acção de formação para os serviços e grupos sócio-caritativos em cada vigararia.
3.11. Família, o primeiro lar da caridade
A primeira casa e escola onde somos iniciados à caridade e chamados a vivê-la e a testemunhá-la é, por natureza, a família. “A caridade bem ordenada começa na própria casa”, diz o adágio. É aí que fazemos a primeira experiência do amor humano mais gratuito e generoso: de pais e filhos e de irmãos. Hoje, múltiplos factores, desde o desencontro dos horários de trabalho até às solicitações das novas tecnologias, desde a ruptura cultural entre as gerações à perda de valores educativos, provocam um curto circuito na circulação e no crescimento deste amor familiar: na proximidade, na disponibilidade, no acolhimento, no diálogo e no sacrifício de uns pelos outros. A caridade, o amor gratuito, oblativo e generoso é o que torna mais bela a família. Por isso, sugiro a cada família fazer um exame de consciência sobre a qualidade das suas relações, cultivar gestos de partilha com os mais necessitados, educar os filhos para a generosidade e gratuidade no serviço aos outros. Com confiança e afecto faço um apelo: “Família, reacende o fogo da caridade que está em ti”!
3.12. A caridade, fonte de vocações
Creio que, se durante este ano pastoral conseguirmos atear o fogo da caridade nas famílias e nas comunidades cristãs, poderemos ter fundada esperança numa primavera vocacional. Relembro o testemunho de Santa Teresa do Menino Jesus: “Compreendi que só o amor fazia actuar os membros da Igreja e que se o amor viesse a extinguir-se nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações”. O serviço de animação vocacional nas comunidades também é serviço de caridade!
3.13. Centenário das Aparições: Fátima, escola de caridade e de serviço aos irmãos
No primeiro domingo do Advento, iniciaremos um período de 7 anos de preparação para o Centenário das Aparições da Senhora “vinda do Céu” visitar a nossa terra com uma mensagem de amor e de paz a uma humanidade dividida por ódios e guerras fratricidas. “Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, etnia, raça, ideologia, grupo, indivíduo, veio do Céu a nossa bendita Mãe oferecendo-se para transplantar no coração de quantos se lhe entregam o Amor de Deus que arde no seu. Eram então só três, cujo exemplo de vida irradiou e se multiplicou em grupos sem conta por toda a superfície da terra – nomeadamente à passagem da Virgem peregrina -, que se votaram à causa da solidariedade fraterna” (Bento XVI, Homilia em Fátima).
Espero que os diocesanos de Leiria-Fátima, terra agraciada com a visitação da Senhora, primem nesta preparação espiritual e ajudem a tornar Fátima cada vez mais escola de caridade e de serviço aos irmãos.
Maria, no mistério da Visitação a Isabel, é um ícone vivo do serviço da caridade. A ela, Mãe do Amor perfeito e belo, confiamos o bom êxito do Ano Pastoral: “Mãe da Visitação, ajuda-nos a ser como Tu, atentos, inteligentes, concretos, alegres, ternos e generosos no serviço humilde da caridade”!
Sobre todos vós, caros irmãos e irmãs, invoco a bênção do Senhor e proponho-vos uma oração da Liturgia para rezarmos, com frequência, durante o ano pastoral:
Pai Santo, dai-nos o Espírito do Amor.
Abri os olhos do nosso coração
às necessidades e aos sofrimentos dos irmãos;
inspirai as nossas palavras e obras
para confortarmos os que andam cansados e oprimidos;
e ensinai-nos a servi-los de coração sincero,
segundo o exemplo e o mandamento de Cristo.
Fazei que a vossa Igreja seja o testemunho vivo
da verdade e da liberdade, da justiça e da paz,
para que em todos os homens se renove a esperança do mundo novo.
Feliz Ano Pastoral!
Um abraço amigo do vosso irmão bispo,
† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima
Leiria, 28 de Agosto de 2010, Festa de Santo Agostinho, Padroeiro da Diocese