Caríssimo Sacerdote
A proximidade do Natal é circunstância favorável para renovar a alegria de sermos corpo comprometido no anúncio e na vivência da Palavra. Aceite a felicidade de caminhar consigo e permita-me que lhe manifeste a certeza de quotidianamente rezar por esta caminhada comum.
Os tempos sociais que vivemos são de extrema gravidade. O futuro vai reservar-nos novas surpresas. Não o podemos ignorar e teremos de manifestar amor concreto ao povo que amamos. Corresponsáveis pelo bem-estar do nosso povo, os membros do Conselho Presbiteral sugeriram que na linha do Viver a Palavra, considerássemos o período de tempo marcado pela crise como momento de consciencialização e vivência dum cristianismo marcado pela permanente Alegria de dar.
Nesta dinâmica queremos dar corpo a um Fundo denominado, “Fundo Partilhar com Esperança”. Terá a coordenação da Cáritas Arquidiocesana, que saberá articular-se com todas as outras estruturas sócio-caritativas (Conferências Vicentinas, Equipas Sócio-caritativas, Centros Sociais Paroquiais, etc), sendo de aconselhar, vivamente, que não exista nenhuma paróquia sem um grupo com esta preocupação e que os Arciprestados dessem vida às Equipas Arciprestais.
Para tornar possível esta presença dos cristãos, neste ambiente de particular solicitude pelos mais carenciados, deixo-lhe uma proposta, agradecendo que ninguém a ignore. Não vale pedir a quem não tem. Trata-se, só e apenas, de rever estilos de vida – a começar por nós – para poder partilhar sem prejudicar os orçamentos complicados das nossas famílias.
Sabemos que muitos aceitarão a proposta que deveria chegar a todos os residentes na paróquia mesmo que não sejam crentes ou praticantes. Outros levantarão dúvidas ou criticarão esta iniciativa.
Para nós, trata-se de colocar em questão este modelo económico e acreditar que a solidariedade tem capacidade para dar dignidade a todos. Na partilha, os sacerdotes não podem colocar-se de lado. No mesmo Conselho Presbiteral, foi sugerido que cada sacerdote oferecesse ao “Fundo Partilhar com Esperança” o correspondente a quanto recebe num mês (A entregar nos Serviços Centrais ou pelo NIB: 001 000 004 565 964 000 161).
Acredito que todos o irão fazer como gesto motivador e impulsionador. Recordo, ainda, que deveremos dar a conhecer aos nossos paroquianos o Fundo Social de Solidariedade, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa.
Começaremos pelo Advento-Natal e continuaremos, dando um relevo particular, novamente, na Quaresma. Vai valer a pena e nunca esqueçamos que estamos a “viver a Palavra” e a “repensar a pastoral” com gestos inovadores que poderão ficar para o futuro.
Que Maria nos acompanhe nesta aventura de amor e solidariedade e que esta mensagem seja o meu cartão de Boas Festas, enviado a um membro da minha família, para reviver o amor oblativo que o Natal supõe e propõe.
Bom Natal em Cristo Palavra.
Braga, 21 de Novembro de 2010
D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz