Carnaval: Transgredir e fazer a festa

Alegria dos cristãos entre os festejos e a esperança da ressurreição

Lisboa, 07 Mar (Ecclesia) – O Carnaval já não é o que era mas continua a ser um tempo fundamental para escapar dos hábitos do dia-a-dia e congregar a população, superando as suas divisões, considera o actor católico Júlio Martín.

O Entrudo “já não tem aquela expressão tão forte como teve noutras alturas, em que era a única possibilidade ao longo do ano de transgredir, de sair de si e de fazer a festa, sobretudo na rua”, refere, em declarações que são hoje transmitidas no Programa Ecclesia (RTP 2, 18h00).

No entender do encenador, o Carnaval “é uma festa que celebra colectivamente um período de certa alegria, em que é possível alguma ruptura, saindo da rotina do quotidiano”, numa dinâmica “importante e estruturante” para a sociedade.

Para Júlio Martín, a alegria dos cristãos é fundamentada na esperança de que é possível “ir além do sofrimento e da realidade, imaginando e pensando outro mundo e fazendo tudo o que é possível para o construir”.

O cristianismo, contudo, não vive só da confiança na vida eterna, já que os testemunhos relativos a Jesus transmitidos pelos evangelhos são “de alguém que estava no meio das pessoas e da festa”, recorda o actor.

“Acreditamos em algo que nos transcende mas também estamos aqui e agora e também acreditamos na vida antes da morte”, sublinha o encenador, acrescentando que à semelhança de “Cristo pregado na cruz”, os cristãos devem também estar “pregados” à sua realidade para a “transformar, iluminar e dar-lhe esperança e alegria”.

O gosto de Júlio Martín pelo teatro começou a concretizar-se nas festas, especialmente no Carnaval, Natal e também nos dias do Pai e da Mãe, através de representações no grupo de jovens da paróquia de Algés, concelho de Oeiras.

“Com estas pequenas celebrações fui descobrindo que contar histórias, transmitir esperança e alegria era algo que me agradava”, explicou.

A origem dos festejos de Entrudo é pré-cristã, ligando-se posteriormente à Quaresma, que começa no dia a seguir à terça-feira de Carnaval, palavra que segundo algumas interpretações deriva da expressão latina ‘carne vale!’ (adeus, carne!), prenunciando a entrada num tempo marcado pelos apelos a uma prática mais intensa do jejum, esmola e oração.

RM

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