Morto no campo de concentração Dachau, a 26 de julho de 1942, é declarado santo por cura «inexplicável» de um «linfoma metastizado»
Lisboa, 15 mai 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai canonizar este domingo o padre Tito Brandsma, carmelita, numa cerimónia marcada para a Praça de São Pedro, no Vaticano, em que vão ser proclamados outros nove santos.
“Esta é uma notícia que esperávamos há muito tempo e que vem como resultado do reconhecimento da Igreja da santidade e testemunho de Titus Brandsma. É significativo que tenhamos esta celebração num momento em que a verdade e a integridade estão a sofrer seriamente nos grandes conflitos que agora ameaçam a paz do mundo”, refere o padre Míceál O’Neill, Prior geral da Ordem Carmelita num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
O padre Tito Brandsma nasceu a 23 de fevereiro de 1881 nos atuais Países Baixos e foi morto no campo de concentração de Dachau em 26 de julho de 1942, meses depois de ter sido preso, a 19 de janeiro de 1942, “por falar contra o regime nazi e trabalhar para alinhar os jornais católicos do país com os ensinamentos da Igreja sobre o nazismo”.
“Tito Brandsma foi um padre carmelita, professor universitário, escritor, ecuménico, respeitado conferencista e jornalista na Holanda”, assinala o comunicado da Ordem do Carmo.
Foi assistente eclesiástico da União de Jornalistas Católicos e visitou editoras católicas em todo o país para, “em nome dos bispos católicos, incentivar a permanecerem firmes contra a impressão de propaganda nazista”.
Enquanto presidente da União das Escolas Católicas, “trabalhou para derrubar a exigência nazi de expulsar as crianças judias das escolas”, chegando a ignorar regulamentos nas escolas carmelitas.
“Para os jornalistas católicos, tornou-se um modelo de vocação jornalística, convicção ética e compromisso com a verdade. Por isso, em 1988, a União Católica Internacional de Jornalistas (UCIP) criou o Prémio Titus Brandsma, que é concedido, a cada três anos, a jornalistas ou organizações que se destacam pelo compromisso com o valor da busca da verdade”, destaca o comunicado.
“Brandsma recebeu vários prémios ao longo de sua vida, incluindo o título de reitor magnífico da Universidade Católica de Nijmegen e a «Ordem do Leão Holandês» da Rainha Wilhelmina, pelos seus ministérios altruístas”, acrescenta.
Após a sua morte, “pessoas de todas as religiões” destacaram a esperança “mesmo nas horas mais sombrias dos campos de concentração”, e assinalaram ainda a “maneira descontraída e amigável” com que se relacionava.
O comunicado dá conta do início do processo de beatificação e canonização de Tito Brandsma, que começou na diocese de Den Bosch, na Holanda, em 1952, tendo sido o “primeiro processo sobre um suposto mártir do nacional-socialismo”.
A beatificação do padre Tito Brandsma aconteceu a 3 de novembro de 1985, tendo sido presidida por São João Paulo II.
Em julho de 2016, “a recuperação de um melanoma maligno metastático nos gânglios linfáticos do padre Michael Driscoll”, pertencente à Ordem do Carmo, “por intercessão do beato”, fez iniciar uma investigação na Diocese de Palm Beach, na Florida, Estados Unidos da América.
Em novembro de 2020, informa o comunicado, o Conselho Médico, nomeado pela Congregação para as Causas dos Santos, reconheceu a “inexplicabilidade científica da cura do cancro do padre Driscoll, que foi atribuída à intercessão do Beato Tito Brandsma”.
O Congresso de Consultores Teológicos reconheceu o milagre a 25 de maio de 2021, tendo sido ratificado pelos cardeais e bispos na Sessão Ordinária de 9 de novembro de 2021.
O Papa Francisco autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto, a 25 de novembro de 2021, referente ao milagre atribuído à intercessão do Beato Tito Brandsma, abrindo caminho para sua canonização.
LS