Carmelitas: Congresso de Espiritualidade refletiu sobre figura da Irmã Lúcia, «peregrina e testemunha da Luz»

Padre Carlos Cabecinhas explicou que a Irmã Lúcia está «no coração da Igreja do século XX e XXI»

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 20 out 2025 (Ecclesia) – Os Institutos de Inspiração Carmelita e Teresiana realizaram o XIII Congresso de Espiritualidade, intitulado ‘Lúcia de Jesus: peregrina e testemunha da Luz’, entre sexta-feira e este domingo, de 17 a 19 de outubro, na Domus Carmeli, em Fátima.

“A Irmã Lúcia, peregrina e testemunha da Luz, está no coração da Igreja do século XX e XXI e tem consciência do seu lugar e da sua missão no coração da Igreja”, disse o reitor do Santuário de Fátima, um dos oradores do XIII Congresso de Espiritualidade.

A partir do tema ‘Lúcia de Jesus no coração da Igreja’, o padre Carlos Cabecinhas salientou que para a Irmã Lúcia “a Igreja não é apenas a hierarquia”, o Papa, os bispos e os sacerdotes, mas, “como Corpo de Cristo, é constituída por todos os batizados”, citado pelo Santuário de Fátima.

O sacerdote explicou que a Irmã Lúcia de Jesus, religiosa carmelita, soube estar-lhe reservado algo de especial na segunda aparição de Nossa Senhora, em junho de 1917, porque “a missão foi-lhe confiada por Deus”, ao contrário dos seus primos Francisco e Jacinta, “Lúcia fica na terra ‘mais algum tempo’, porque Jesus quer servir-se dela para fazer conhecer e amar a Virgem Maria”.

“Nas vicissitudes da sua longa vida, viveu no coração da Igreja e foi-se deixando trabalhar pela graça de Deus, a ponto de se ter tornado uma verdadeira apóstola para a Igreja da mensagem que o Céu lhe confiou; uma apóstola que soube encarnar essa mensagem de unidade” – Padre Carlos Cabecinhas

O reitor do Santuário de Fátima assinalou que a Irmã Lúcia nunca deixou de colaborar com a Igreja, obedecendo aos seus superiores e aos Papas e escreveu no livro ‘Apelos da Mensagem de Fátima’, que “a interpretação do sentido da mensagem” deixa-a “inteiramente livre à Santa Igreja, porque é a ela que pertence e compete”, “humildemente e de boa vontade” se submetia “a tudo a tudo o que ela disser e quiser corrigir, emendar ou declarar”.

Segundo o padre Carlos Cabecinhas, a religiosa carmelita, viveu períodos de silêncio imposto, restrições e incompreensões dentro da própria Igreja, sofreu com as tensões internas do pós-Concílio Vaticano II, mas permaneceu fiel, orando incessantemente “pela paz da Igreja”, “pelo Papa”, “pelos sacerdotes” e “pela unidade dos cristãos”.

“Lúcia assumiu como missão ser luz para a Igreja: oferecer-se a Deus para se entregar pela Igreja e pelo mundo”, destacou.

O Santuário de Fátima destacou também que os Institutos de Inspiração Carmelita e Teresiana convidaram o seu diretor do Departamento de Estudos para o XIII Congresso de Espiritualidade, que apresentou o tema ‘Lúcia de Jesus, da aldeia ao claustro e do claustro ao mundo: leituras mediáticas sobre uma carmelita em tempo de globalização’.

Marco Daniel Duarte realçou como Lúcia de Jesus, religiosa de clausura, atraiu a atenção dos meios de comunicação social e com quem queria confirmar ou infirmar aspetos de Fátima, e lembrou as instrumentalizações que sofreu ao longo do tempo, sobretudo as que fazem desta figura histórica uma bandeira para defesa de interpretações extravagantes da mensagem de Fátima e da prática da Igreja atual.

Foto: Carmelitas Descalços; padres Joaquim Teixeira e Renato Pereira

Para refletir sobre o tema ‘Lúcia de Jesus: peregrina e testemunha da Luz’, a 23.ª edição do Congresso de Espiritualidade contou ainda com as intervenções do prepósito geral da Ordem dos Carmelitas Descalços (OCD), padre Miguel Márquez, sobre as ‘Interpelações de Lúcia de Jesus à família carmelita e teresiana’; os sacerdotes Carmelitas Descalços Joaquim Teixeira e Renato Pereira apresentaram ‘a novidade espiritual da Ir. Lúcia dentro da tradição carmelita’, enquanto José Rui Teixeira, da Cátedra Poesia e Transcendência (UCP Porto) falou sobre ‘Lúcia escritora numa família carismática de escritores’; este domingo, a irmã Ângela Coelho, vice-postuladora da Causa de Beatificação e Canonização da Irmã Lúcia, refletiu sobre ‘A força de um “sim”’.

CB/OC

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