Cáritas: Religiosa, sindicalista e jurista analisaram desafios da instituição católica

Fátima, Santarém, 16 set 2016 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa convidou três pessoas “comprometidas no bem-comum”, em vários setores da sociedade, para apresentaram desafios à instituição caritativa da Igreja Católica, na sessão evocativa dos seus 60 anos, realizada esta quinta-feira, em Fátima.

A provincial da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus começou por assinalar à Agência ECCLESIA que “é inegável todo o bem” que a Cáritas tem realizado ao longo de 60 anos e, sendo “incontável”, “com certeza não interessa tanto contar”.

A irmã Maria Vaz Pinto como desafio deseja que a Cáritas Portuguesa seja capaz de “fazer uma avaliação verdadeira e muito reconhecida” por tudo o que de bom já construiu.

“Sem medo de se abrir a novos desafios, a problemas sociais emergentes, a novas crises humanitárias, humanas ou naturais, de uma forma se calhar diferente porque a sociedade também vai mudando”, acrescentou a responsável nacional das Escravas do Sagrado Coração de Jesus.

A irmã Maria Vaz Pinto disse que “sem perder o património da experiência acumulada” é preciso arriscar “respostas novas a desafios novos”, e recordou ainda que a congregação já foi “favorecida” pelo trabalho da Cáritas na comunidade da Fonte da Prata (Moita), Diocese de Setúbal.

O antigo líder da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN) começou por “saudar” os 60 anos da Cáritas Portuguesa e, “acima de tudo, o seu papel, a alma (que) é a caridade”, um conceito que “merece reflexão” associada a outros como fraternidade, solidariedade.

Segundo o sociólogo Manuel Carvalho da Silva, a Cáritas tem tido uma “visão transformadora da exigência da sociedade” com “uma atitude e uma assunção de uma caridade critica” e uma “intervenção de observação”, sem esquecer a assistência imediata às pessoas.

Citando a “economia que mata” do Papa Francisco, o sindicalista considera que “é preciso agir com muita força” no futuro para não serem os mercados a estruturar e comandar.

“Não podemos continuar a ser tolerantes com um conjunto de problemas e a Cáritas tem feito um conjunto de observações muito interessantes: Não sermões tolerantes com a pobreza; com esta panaceia da emigração; com o desemprego ou as condições do desemprego”, desenvolveu Manuel Carvalho da Silva.

O terceiro convidado a intervir, o presidente da direção da Plataforma Portuguesa das Organizações Não-governamentais para o Desenvolvimento, disse que Portugal “não seria certamente” a mesma coisa sem a Cáritas que “é uma instituição de referência”.

Para Pedro Krupenski a instituição caritativa tem “marcado toda a indiferença na Igreja e na sociedade”, por isso, deseja que nos próximos 60 anos continue com esse “dinamismo, importância e a ser uma pedrada no charco” da sociedade “letárgica” para a qual, às vezes, as pessoas são induzidas.

O jurista mais do que à Cáritas Portuguesa lançou três desafios para todos enquanto “sociedade civil organizada e cidadãos”: “Manter certo equilíbrio na nossa vida entre a dimensão económica, social e ambiental; coerência” e o terceiro “a própria cáritas no sentido etimológico do termo mais puro que é o amor ao próximo.”

Para o presidente da Cáritas Portuguesa os convidados tinham a “mais-valia” de serem pessoas que “estando comprometidas no bem-comum” algumas têm perspetivas “bem distintas”.

“Poderão ajudar a tornar mais realista a nossa ação e a despertar-nos para a necessidade que, naquilo que é a rotina do dia-a-dia, nem sempre estamos atentos”, explicou Eugénio Fonseca à Agência ECCLESIA.

CB

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Agência ECCLESIA

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