Cáritas: Refugiados curdos descobriram nos portugueses uma grande família

«É como se fossemos da sua família» – Ayoub Mahmood, um testemunho na Semana Cáritas 2019 para ver no programa «70×7»

Ayoub Mahmood; Foto Agência Ecclesia/HM

Lisboa, 23 mar 2019 (Ecclesia) – O Dia Cáritas sugere o tema ‘Juntos numa só Família Humana’ e aquilo que poderia ser apenas uma intensão teórica é realidade em diversos locais e projetos coordenados pela Cáritas, como testemunha Ayoub Mahmood, em Portugal há dois anos.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Ayoub Mahmood conta que deixou o Curdistão iraquiano porque a guerra e a violência tornaram a vida impossível, agora, com a família está a construir uma nova realidade a muitos quilómetros de distância da sua terra natal.

O refugiado Curdo veio com a família – a mulher Chiya Salih e os três filhos – para Portugal porque foi este o destino que lhe anunciaram na Grécia.

“Lembro-me que alguns choravam porque queriam ir para a Alemanha… outros riam porque nós vínhamos para cá…   Eu apenas queria um país em paz onde pudesse educar os meus filhos”, recorda sobre como Portugal era um destino que os migrantes tentavam evitar, mas afirma que para ele, tal nunca constituiu problema.

Ayoub Mahmood, condutor de camiões, explica que foi raptado e esteve vários dias em cativeiro no deserto iraquiano, até ser libertado pelo exército com o auxílio das forças Norte Americanas, e este episódio e a guerra que assolava o país levou-o a pagar uma quantia avultada para chegar à Turquia, seguiu-se a travessia no mediterrâneo e a experiência nos campos de refugiados na ilha grega de Lesbos.

É na Caranguejeira, no Concelho de Leiria, que esta família encontrou o acolhimento e o lar pelo qual aguardavam há muitos meses, tudo porque a Cáritas Paroquial decidiu responder ao desafio do Papa Francisco e acolher uma família de refugiados.

O Padre Filipe Lopes recorda que houve o cuidado de apresentar a intensão à comunidade e, assim que a família chegou, criaram “momentos para que a comunidade os conhecesse e eles próprios pudessem conviver com a população local”.

Fernanda Fernandes conta que levou a nova família da Caranguejeira num périplo pelo comércio local.

“A ideia era que esta família ficasse a saber onde podia adquirir os bens que necessitasse e que os comerciantes locais também os ficassem a conhecer”, lembra.

De momento, Ayoub Mahmood trabalha numa empresa agropecuária mas revela que o desejo é voltar a conduzir camiões, como fazia no Iraque, e aguarda apenas pela equiparação da carta de condução de pesados articulados.

O filho mais velho, acrescenta, estuda na Escola Profissional de Ourém, os dois mais novos estão na Escola da Caranguejeira e a esposa Chiya Salih trabalha num restaurante local.

Chiya Salih; Foto Agência Ecclesia/HM

O entrevistado realça que a vinda para Portugal, onde “tudo é muito bom”, foi uma sorte que lhe aconteceu na vida.

“As pessoas são simpáticas, é como se fossemos da sua família”, diz Ayoub Mahmood: “Eu digo bom dia ou boa noite e todos me cumprimentam, passo na rua e as pessoas sorriem.”

O padre Filipe Lopes reconhece a hospitalidade local, mas para o pároco da Caranguejeira o sucesso desta integração também se deve à família de Ayoub.

“Nunca se isolaram. Para isso contribuiu o facto de estarem sozinhos, não tinham nenhuma família iraquiana nas proximidades. Eles sempre cultivaram a amizade, sei que Chiya quando faz bolos, oferece aos vizinhos e eles também partilham o que têm com esta família, é muito gratificante”, desenvolveu o sacerdote.

A história de Ayoub e da sua família está em destaque este domingo no programa «70X7», a partir das 07h27, na RTP2, que para além desta família da Caranguejeira apresenta outros exemplos de acolhimento levados a cabo pela Cáritas Diocesana de Beja, mais tarde fica online no site da Agência Ecclesia.

Desde o dia 17 de março, a Cáritas Portuguesa e a sua rede estão a celebrar a sua semana nacional 2019 com o tema ‘Juntos numa só família humana’, estando a decorrer um peditório públicoaté este domingo, dia 24.

HM

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