Estruturas europeias afinaram estratégias em Setúbal
Setúbal, 03 jul 2014 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa foi anfitriã, entre esta terça e quinta-feira em Setúbal, do Fórum de Desenvolvimento Institucional da Cáritas Europa, que teve como objetivo a definição de uma estratégia comum para todas as estruturas da organização católica.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o presidente da Cáritas Portuguesa sublinha a necessidade das diversas Cáritas, a nível internacional, nacional e local, pautarem a sua ação pela “credibilidade” e “comunhão” num tempo marcado pela “desconfiança” para com as instâncias políticas e sociais, e mesmo para com a Igreja Católica.
São visíveis os “sinais de alguma disfunção entre os que governam e os que são governados, em várias instâncias, tanto no domínio político como nas organizações da sociedade civil e mesmo naquilo que possam ser os princípios que a Igreja defende”, aponta Eugénio Fonseca.
Neste contexto, aquele responsável considera fundamental que todos os agentes da Cáritas sejam antes de mais “transparentes” na sua ação e que consigam realizar a sua missão com “agilidade” para que a “rigidez burocrática” não ponha em causa a “esperança” que as pessoas depositam neles.
Só assim é que a Cáritas poderá continuar a ser “uma instituição de referência na sociedade”, em termos da prática da solidariedade.
Eugénio Fonseca sublinha a importância deste ponto, numa época em que cresce também a “indiferença” entre as pessoas.
“A indiferença daqueles que acham que já não vale a pena lutar, porque a solução está sempre nas mãos de alguns” e que pensam que podem “viver fora do mundo”.
“Nós sabendo quem nos empurra, não podemos ficar indiferentes sob pena de estarmos a trair a nossa missão”, sustenta Eugénio Fonseca, referindo-se aos valores cristãos que estiveram na base da criação da Cáritas.
O presidente da Cáritas Portuguesa ressalva que nenhuma destas considerações ou desafios coloca em causa a “autonomia” das diversas delegações da Cáritas espalhadas pelo território nacional e europeu.
Devem ser isso sim encaradas como ajudas para que estruturas “muito diferenciadas socialmente, mesmo no plano religioso, cultural e económico”, rejam-se por linhas mestras “comuns”, sempre e só em prol dos mais carenciados.
Para Eugénio Fonseca, “as pessoas que estão à frente da Cáritas a nível local, diocesano, internacional, têm de ser pessoas que entranhem esta maneira de ser e de fazer para que a Cáritas seja uma instituição que dignifique a Igreja e os que servem a Cáritas não procurem protagonismos, mas que o único protagonista seja a pessoa do pobre”.
Além do presidente da Cáritas Portuguesa, os trabalhos do Fórum de Desenvolvimento Institucional da Cáritas Europa, em Setúbal, foram acompanhados pelo bispo da diocese sadina, D. Gilberto Canavarro Reis e pelo secretário-geral da Cáritas Europa, Jorge Nuño Mayer.
HM/JCP