Presença católica contra a «ignorância» num evento que junta mais de 25 mil participantes de todo o mundo A confederação internacional da Caritas, organização católica para a assistência humanitária, marca presença na XVII conferência internacional sobre Sida, que junta no México mais de 25 mil participantes de todo o mundo. A iniciativa decorre até 8 de Agosto, na capital deste país O tema deste ano é “Acção universal, já!”. A conferência centra a sua atenção na necessidade de assegurar acesso universal a medidas de prevenção, tratamento e apoio para os afectados pelo HIV, até 2010. Robert J. Vitillo, consultor especial da Caritas para a Sida, participa no evento e diz que é importante partilhar o maior número possível de experiências e conhecimentos, lamentando a “ignorância” a respeito do que é feito pela Igreja nesta matéria. A Caritas Internationalis oferece ajuda no campo do HIV/Sida há mais de 20 anos, trabalhando de forma muito acentuada contra o preconceito e a discriminação das pessoas afectadas pelo vírus, para além de promover o acesso aos tratamentos necessários. “Estamos interessados no todo da pessoa e tentamos ajudar cada um a compreender a dignidade que Deus lhe deu. Isso requer atenção às necessidades físicas, emocionais, sociais e pastorais”, disse Robert J. Vitillo. Neste encontro internacional são esperados alguns dos maiores especialistas sobre Sida, bem como alguns líderes mundiais que se destacaram na luta contra uma doença que matou dois milhões de pessoas só no ano passado. Durante a conferência será feito um balanço sobre o Objectivo Mundial 2010 que visa proporcionar o acesso universal ao tratamento contra a Sida. A resposta dever-se-á, segundo os organizadores do encontro, focar-se em três objectivos primordiais: acelerar a expansão de serviços de prevenção e tratamento do VIH, integrar a resposta face à Sida nos sistemas e programas de saúde existentes e assegurar a sustentabilidade da resposta a longo prazo. Números Os religiosos e religiosas da Igreja Católica são responsáveis pelos cuidados e a assistência a 27% dos doentes de SIDA em todo o mundo. O número foi divulgado em Maio passado, na apresentação do relatório “Um serviço de amor. Análise global do empenho dos institutos religiosos contra o HIV e contra a Sida”, durante o Congresso da União dos Superiores Gerais (UISG) e da União internacional das Superioras Gerais (USG). O padre Frank Monks, da Comissão para a Saúde dos organismos, afirmou que a resposta dos religiosos ao problema do HIV nem sempre foi visível, obscurecida pela atenção quase exclusiva que se reservou à questão do preservativo. “O modo dos religiosos de enfrentar a questão, pelo contrário, vai além”, disse. Segundo o relatório, os institutos religiosos estão empenhados em várias frentes: tratamento médico, prevenção geral, prevenção da transmissão mãe-filho, cuidados dos órfãos e das famílias atingidas, assistência espiritual, educação sexual e, por fim, a pesquisa, em especial para se encontrar uma vacina contra a doença. A Igreja Católica está particularmente activa na África austral, onde a pandemia da Sida alcançou a difusão de 30% na população entre 25 e 40 anos e onde houve uma queda da esperança média de vida de 60 para 35 anos.