Cáritas: «Era bom que os peditórios deixassem de existir»

Emília Marques colabora com a organização católica há 25 anos

Barreiro, Setúbal, 19 fev 2016 (Ecclesia) – Emília Marques colabora com a Cáritas Portuguesa há cerca de 25 anos, participa anualmente no peditório nacional de rua e revela que “são as pessoas mais simples, que têm menos poder económico, que dão mais”.

Recordo uma senhora que entrou no hipermercado e disse-me que não podia ajudar porque também não lhe chegava para comer, com uma reforma de cerca de 170€. Quando saiu trazia um pacotinho de massa e, salvo erro, de sal, mas, abriu a carteira e tirou umas moedas escuras de cêntimos e entregou”, relembra, durante uma entrevista à Agência ECCLESIA na Cáritas Paroquial da Paróquia de Santa Margarida, no Lavradio, Barreiro, na Diocese de Setúbal.

Para Emília Marques são situações destas que dão “muito mais força e vão suavizar” as situações em que, às vezes, são ofendidos.

“Mesmo essas dão-nos força. As situações de recusa, de protesto, revolta dão-nos mais força ainda”, acrescentou na mais recente edição do Semanário digital ECCLESIA, dedicada à Semana Nacional Cáritas, que começa este domingo.

Uma das atividades é o peditório nacional que, entre 25 e 28 de fevereiro.

“O peditório para além de nos ajudar, a suavizar situações económicas mais carenciadas. Para mim, é também um meio de consciencializar as pessoas porque há um grande número que fica sensível a este peditório”, explica Emília Marques que participa em ações deste género desde a juventude.

Um peditório que vai ajudar as realidades locais e ao longo de quase 25 anos de voluntariado na Cáritas já ajudaram muitas pessoas na área geográfica da Paróquia de Santa Margarida, no Lavradio, como ajudar um casal em que o homem é cego e surdo a comprar um aparelho para a audição.

“As maiores carências aqui são alimentar, de medicação e estas situações de falta de determinadas coisas”, acrescenta Emília Marque, assinalando que também apoiam os emigrantes.

“Há cerca de dois meses, apareceu uma mãe com quatro crianças, de nacionalidade cabo-verdiana, o marido morreu e ela veio para cá sem nada, só com a roupa que traziam no corpo. Veio pedir ajuda alimentar, roupa para vestir, roupa de cama, cama, e conseguimos todas essas coisas”, exemplifica, destacando ainda disponibilidade da Cáritas Diocesana de Setúbal.

Emília Marques considera que o peditório nacional é uma forma da sociedade ser mais justa, igual e fraterna e frisa que apesar de todas as recusas “é uma tomada de consciência das pessoas” porque podem não contribuir mas “ficam com qualquer coisa a trabalhar nas suas consciências”.

A entrevistada, que foi Educadora de Infância e também professora no Ensino Básico, conta que na Cáritas encontrou os “valores recebidos dos pais”, tendo ficado “totalmente rendida ao seu espírito” porque foi ao encontro dos seus “anseios e toda a caminhada” que tinha feito.

“Sempre conheci os meus pais abertos às pessoas que necessitam de qualquer tipo de ajuda, material ou económica, eles sempre ajudaram. Portanto, eu cresci neste meio e nasceu o desejo de ajudar”, recorda a também coordenadora da Pastoral da Saúde da Paróquia de Santa Margarida, Lavradio, Barreiro.

CB

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