Decisão de Donald Trump fechar USAID ameaça «vida e dignidade» de milhões de pessoas
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Roma, 10 fev 2025 (Ecclesia) – A Caritas Internationalis condenou hoje a decisão “imprudente e abrupta” da administração de Donald Trump encerrar “os programas e escritórios financiados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID)”.
“A forma implacável e caótica como esta decisão insensível está a ser implementada ameaça a vida e a dignidade de milhões de pessoas. Acabar com a USAID irá pôr em risco serviços essenciais para centenas de milhões de pessoas, minar décadas de progresso na assistência humanitária e ao desenvolvimento, desestabilizar regiões que dependem deste apoio crítico e condenar milhões de pessoas a uma pobreza desumana ou mesmo à morte”, indica um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.
Criada em 1961, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional é uma das maiores agências oficiais de ajuda humanitária do mundo e responsável por mais da metade de toda a assistência externa dos Estados Unidos da América.
A Caritas Internationalis está a desenvolver “esforços de sensibilização”, procurando envolver e alertar “governos nacionais, embaixadas dos EUA e representantes diplomáticos” para “as consequências de longo alcance do congelamento da ajuda” e perceber que ações podem ser tomadas para reverter a decisão.
A organização procura “avaliar” o impacto nos programas humanitários junto de redes parceiras e “reforçar a comunicação para apoiar respostas estratégicas e de colaboração”.
A USAID tem sido “parceira vital da Cáritas e da Igreja a nível global”, no apoio a “comunidades vulneráveis”, na assistência a pessoas afetadas por crises, no “alívio da fome”, na prestação de “cuidados de saúde básicos e educação”, na melhoria do acesso a “água potável, saneamento, abrigo e proteção” e na procura das “causas profundas da pobreza”.
“As suas contribuições têm sido fundamentais, promovendo a estabilidade e o desenvolvimento em muitas regiões durante décadas”, sublinha o comunicado.
O Secretário-Geral da Caritas Internationalis, Alistair Dutton, indica no comunicado que o encerramento da agência internacional vai “matar milhões de pessoas” e condenar “à pobreza desumana centenas de milhões de vidas”.
“Trata-se de uma afronta desumana à dignidade humana dada por Deus às pessoas, que causará imenso sofrimento. A extinção da USAID coloca também enormes desafios a todos nós, na comunidade humanitária mundial, que teremos de reavaliar completamente quem podemos continuar a servir e como”, refere.
A Caritas Internationalis afirma que prossegue o seu trabalho, em colaboração “com parceiros e aliados a nível mundial”, para “reduzir o impacto do congelamento e garantir a continuação do apoio ao maior número possível de pessoas vulneráveis”.
“A vida e a dignidade de milhões de pessoas estão em jogo. Apelamos aos governos, às agências internacionais e às partes interessadas para que se pronunciem e exortem fortemente a Administração dos EUA a reverter estas medidas perigosas”, pede ainda Alistair Dutton.
O comunicado da Caritas Internationalis indica que a USAID presta cerca de “40% do orçamento total global e de ajuda” e o seu corte implica “consequências catastróficas a nível mundial”.
“Os beneficiários diretos dos fundos da USAID, os beneficiários secundários, as agências das Nações Unidas e as organizações multilaterais, bem como os governos nacionais que dependem da ajuda bilateral, enfrentam todos graves dificuldades operacionais. O prejuízo resultante para as pessoas, em particular para os mais pobres de todo o mundo, será catastrófico, ameaçando a vida e a dignidade de milhões de pessoas”, sublinha a nota.
A Caritas Internationalis pede que os EUA reafirmem o seu compromisso “com a compaixão e a paz, apoiando as pessoas mais vulneráveis em todo o mundo” e possam rever a decisão de suspender a UDAID.
“Continuamos esperançados em que um diálogo construtivo conduza a resultados positivos que defendam o objetivo comum de apoiar os mais necessitados”, finaliza a organização.
LS