Cáritas: É preciso «fazer reerguer» a sociedade

Eugénio Fonseca antecipa Semana Nacional que a organização católica vai promover entre 4 e 11 de março

Lisboa, 02 fev 2012 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa assumiu, em entrevista ao Programa Ecclesia, da RTP2, que a principal preocupação das organizações caritativas deve passar por “fazer reerguer” a sociedade.

Eugénio Fonseca antecipava o início da Semana Nacional da Cáritas, este domingo, iniciativa subordinada ao tema ‘Edificar o Bem Comum: Tarefa de todos e de cada um’.

Numa reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja, este responsável retomou o princípio da “dignidade”, que consagra o direito de cada pessoa “viver de acordo com as exigências da condição humana”, lema que tem norteado a atuação daquela organização católica de solidariedade social, desde que foi fundada, em 1945.

Para corresponder a esse desafio “fundamental”, a Cáritas precisa sobretudo de “assumir”, todos os dias, o verdadeiro significado que o seu nome encerra, ou seja, a noção cristã de “caridade”, frisa Eugénio Fonseca.

“Não é uma caridade assistencialista, protecionista, é uma caridade que promove, que liberta, porque respeita o outro, porque dá valor e reconhece no outro potencialidades”, sustenta.

Até 11 de março, data em que a Igreja Católica assinala o “Dia Cáritas”, esta organização convida as pessoas a refletirem sobre aquilo que podem fazer pelos outros, numa altura em que Portugal continua a sentir os efeitos da crise económica e social.

Em 2011, a Cáritas recebeu, em média, mais de 250 pedidos de ajuda por dia, ou seja, mais de 93 mil casos, envolvendo famílias carenciadas, pessoas desempregadas, ou em situação de doença, pobreza e exclusão social.

“Não é pela pessoa ser mais desprovida de bens materiais, estar incapacitada em termos físicos e cognitivos, ter comportamentos menos sociais ou estar nos caminhos mais enlameados que deixa de ser, aos nossos olhos, pessoa, e pela fé é nossa irmã”, salienta o presidente, que recorre a outra máxima cristã, o “amor” ao próximo.

Um gesto que “liberta e consegue fazer com que a pessoa deixe de estar amarrada às causas que a tornam mais vulnerável”, destaca.

No entanto, abrir o coração da sociedade a esta mensagem significa, antes de mais, contrariar a cultura de “desperdício” que se mantém em vigor um pouco por todo o planeta, indo ao encontro daquilo que a Igreja Católica define como “o destino universal dos bens da Terra”.

“Não é justo que um terço da humanidade se aproprie de dois terços dos bens da terra, é uma injustiça gritante que gera depois todo o resto de conflitos e injustiças que nós conhecemos”, aponta Eugénio da Fonseca, apelando a um maior sentido de “partilha”.

O presidente da Cáritas nacional vai aprofundar esta temática durante a próxima sessão de formação sobre a Doutrina Social da Igreja, que o programa ECCLESIA emite esta quarta-feira, a partir das 18h00.

PTE/JCP

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