Presidente da organização pede ajuda às transportadoras para fazer chegar donativos à Madeira
Desde a primeira hora a responder aos pedidos de ajuda dos madeirenses, a Cáritas do Funchal prepara-se para o pós-emergência. “Isto é apenas o começo. Vai haver muito para fazer ao longo não da próxima semana, mas ao longo dos próximos anos”, explica Inês Valadares, da direcção da Cáritas do Funchal à Agência ECCLESIA. “As pessoas vão precisar de acompanhamento para conseguirem seguir as suas vidas com fé e coragem, pois estão desmoralizadas e assustadas. Quando chegam anúncios de mais chuva, mesmo entre os realojados, há receios. Esta situação afecta muito as pessoas”.
Passada uma semana sobre as fortes chuvas que assolaram o Funchal, provocaram centenas de desalojados e vitimaram mortalmente 42 pessoas, as prioridades ainda se situam em dar respostas de emergência.
“A primeira fase é dirigida a todos que estão desalojados. Esperamos apoiar todas as pessoas que necessitam ser realojadas, ajudar quem pode recuperar as suas casas, auxiliar no regresso à vida normal, reconstruindo com a ajuda dos donativos e tentando obter os equipamentos necessários”, refere à Agência ECCLESIA o Presidente da Cáritas do Funchal, José Manuel Barbeito.
Em Portugal continental são vários os donativos à espera de transporte para seguir para a Ilha Madeira. José Barbeito apela às transportadoras para que cooperem nas ligações. “As transportadoras poderão ter um papel solidário muito importante pois o transporte dos donativos é muito dispendioso”.
A organização é uma necessidade. A Cáritas do Funchal quer “dosear os apelos para evitar desorganização”.
Através da Internet, emails ou mensagens de telemóvel “surgem apelos, não sabemos de onde, mas que surgindo de forma descoordenada, estão a gerar muita confusão e levam à recolha de bens que as pessoas já têm e não do que necessitam realmente”.
A Cáritas procedeu ao levantamento das necessidades pós primeiras emergências. “As pessoas precisam de casas novas, que estão a ser entregues pelo Instituto de habitação, mas é preciso encher as casas com equipamentos, com electrodomésticos, mobília e demais utensílios, mas também roupa interior de homem, mulher e criança”, esclarece Inês Valadares. Os donativos de bens alimentares “vão ser precisos ainda por tempo indeterminado”.
Ajuda nas primeiras horas
A Cáritas foi chamada pela hora de almoço no Sábado, dia 20 de Fevereiro. Inês Valadares explica que quando “chegámos à unidade de apoio já se encontravam nas instalações voluntários. Os primeiros alimentos chegaram do armazém da Cáritas, que habitualmente tem uma reserva para apoiar os utentes”. Ainda sem apelos divulgados, “as pessoas começaram a disponibilizar-se para ajudar”, indica este elemento da direcção.
São vários os donativos que chegam à Cáritas. É feita uma triagem. A roupa, por exemplo, é separada por géneros “homem, mulher e criança”, sendo posteriormente separada por tamanhos. “No realojamento feito às famílias, é necessário também fornecer roupa que lhe sirva, daí ser necessário a triagem e separação”, elucida Inês Valadares.
Os pedidos de ajuda são dirigidos à Segurança Social, que tem uma linha de emergência, e posteriormente contacta a Cáritas do Funchal. Se alguma outra entidade solicitar apoio, “como uma Junta de Freguesia, é claro que é também atendido. Mas a organização é essencial, daí que a Segurança Social centralize os pedidos”, explica Inês Valadares.
Os produtos de higiene estão separados num armazém disponibilizado pelo exército. A Cáritas assume ter capacidade para responder aos pedidos de ajuda alimentar.
Segundo a direcção deste serviço de acção social da Igreja Católica na diocese do Funchal a ajuda está a ser possível devido à “onda de solidariedade fantástica”. Sem conhecer situações semelhantes “respondemos prontamente”, indica Inês Valadares.
A próxima fase vai continuar a apostar na relação «Segurança Social – Cáritas». As necessidades que forem detectadas serão endereçadas à Cáritas que prevê “um aumento do número de utentes”.
“Faremos o acompanhamento, a entrega de alimentos e roupas quando for necessário. Este é o dia-a-dia da Cáritas”, explica Inês Valadares.