Presidente da instituição convencido de que «marcas a nível emocional e psicológico vão permanecer por muito tempo»
A Cáritas do Funchal pretende disponibilizar o recheio de todas as casas que vão receber os desalojados das enchentes que ocorreram na Madeira a 20 de Fevereiro.
“Poderá ser um pouco utópico, mas com o esforço de todos acho que poderemos chegar a esse objectivo”, disse à Agência ECCLESIA o presidente da instituição, José Manuel Barbeito.
O responsável calcula que aproximadamente 600 pessoas tiveram de deixar as suas casas na sequência das chuvas e das cheias.
Menos de um mês depois do temporal, o número de desalojados estima-se entre duas a três centenas, sendo cerca de cem provenientes da zona do Funchal.
O organismo de apoio social da Igreja, que segundo os últimos dados recebeu 955 mil euros em donativos, continua a apelar ao envio de alimentos, frigoríficos, fogões, máquinas de lavar, pequenos electrodomésticos, louça, talheres, mobília, lençóis e cobertores.
Os responsáveis da organização de apoio social da Igreja têm igualmente pedido a oferta de equipamentos a companhias nacionais e estrangeiras e já garantiram a doação de mobiliário, em quantidade ainda não definida, por parte de empresas de Paços de Ferreira e de uma multinacional sueca.
A aplicação dos fundos e a entrega dos bens são coordenadas com o processo de alojamento: “Providenciamos todo o equipamento da casa, desde a mobília a electrodomésticos, um kit de roupa para um mês e um kit de alimentação”, tendo em consideração a situação económica das famílias, explicou José Manuel Barbeito.
A operação de reinstalação em habitações temporárias, pertencentes a instituições estatais ou por elas arrendadas, ultrapassará nestes dias uma fase decisiva, como sublinhou o presidente da Cáritas do Funchal: “Prevemos que até ao fim desta Sexta-feira ou Sábado [12 ou 13 de Março] seja possível tirar as pessoas do Regimento de Guarnição e deixar o quartel nas suas funções normais”.
A próxima etapa consistirá na reabilitação das habitações afectadas pelas enchentes, tarefa em que a Cáritas também se quer envolver: “Penso que conseguiremos ter uma boa margem de manobra financeira e até poderemos ajudar na recuperação de casas”, referiu José Manuel Barbeito.
Para este responsável, a Festa da Flor, que se realizará no Funchal nos dias 15 a 18 de Abril, será “um sinal de esperança e de confiança no futuro”, já visível na recuperação da Baixa, que está a ser “recuperada com uma velocidade incrível”.
José Manuel Barbeito lembrou que “as marcas a nível emocional e psicológico vão permanecer por muito tempo”, o que se manifesta no facto de haver proprietários cujas casas podem ser recuperadas mas que, devido ao trauma, nem sequer se conseguem aproximar delas.