Caritas do Algarve ajudou famílias de pescadores da Ilha de Faro

Presidente desta instituição confirma que «tem sido um ano de muita ajuda»

“Esta ajuda é mais que boa!”, dizia António Baú com ar aliviado e imensamente agradecido, um dos contemplados com a ajuda alimentar entregue pela Caritas Diocesana do Algarve às 26 famílias de pescadores residentes na Ilha de Faro que se encontram numa situação difícil agravada pelo mau tempo que se tem vindo a verificar há semanas um pouco por todo o país e que, também no Algarve, tem impedido os homens do mar de saírem para a faina.

A organização católica entregou esta semana, na sede da APRAFA – Associação para a Defesa e Desenvolvimento da Praia de Faro, a maior parte dos Ticket Alimentação para apoio aos pescadores e famílias que se confrontam com as barras sucessivamente fechadas devido às condições climatéricas adversas e se vêem assim privados da sua única fonte de subsistência.

Os cartões agora entregues têm um valor de 60 euros cada um que pode ser descontado nas compras a fazer num hipermercado da cidade de Faro. Esta ajuda junta-se à primeira que consistiu na entrega de cabazes alimentares feita pela Câmara de Faro há dois dias.

A vereadora Alexandra Gonçalves, que acompanhou agora a entrega dos Ticket Alimentação, explicou à comunicação social que a Caritas do Algarve foi um dos parceiros a quem a Câmara de Faro solicitou apoio, uma vez que a autarquia “não tinha capacidade para fazer face a uma prolongada necessidade”. Aquela responsável garantiu que os casos agora apoiados foram identificados em conjunto com os serviços de acção social da autarquia “de acordo com documentação que resulta de um atendimento feito semanalmente” na APRAFA por uma técnica a quem compete fazer essa triagem.

A vereadora explicou ainda que os pescadores da Culatra, outra das ilhas barreira do concelho, estão a ser apoiados com alimentos provenientes do Banco Alimentar Contra a Fome.

O presidente da Caritas do Algarve confirmou que “tem sido um ano de muita ajuda” e assegurou que aquela instituição “já gastou mais de 50 mil euros” para fazer face a situações de grande carência.

Carlos Flor, presidente da APRAFA, também ele pescador, confirma a versão de António Baú e assegura que os barcos não saem para pescar desde Dezembro último. “Não temos uma barra em condições e as pessoas têm medo porque pode-nos acontecer o que tem acontecido a outros colegas no norte do País”, afirma, lembrando que “nem todos podem trabalhar na Ria Formosa porque não têm licença”. “Os donos destes barcos, para os quais pedi [o apoio], trabalham só na costa”, complementou, sublinhando que os colegas dirigiram-se a si “a pedir ajuda”.

Por outro lado, Carlos Flor lembra que existem encargos. “Temos um seguro, no valor de 400 euros, para poder andar ao mar, sem o qual não nos podemos matricular em Janeiro”, disse, acrescentando outro exemplo. “Há 4 ou 5 meses que não consigo pagar uma letra de um motor que comprei a leasing”, lamentou, admitindo que “deve haver mais pessoas com situações parecidas mas têm vergonha”. O presidente da APRAFA lembra que a associação está aberta das 8.30h às 22h, que a assistente social está lá às quintas feiras, a partir 10.30h, e que quem tiver a passar necessidades deve dirigir-se ali.

António Baú, contemplado primeiro com o cabaz e agora com o Ticket Alimentação, testemunha que “tem sido muito complicado”. “Podem não acreditar mas eu e a mulher não temos nem um tostão para comer. Não tenho dinheiro para pagar ao homem das redes”, lastima.

Manuela Nunes, sua irmã com 5 filhos, reconhece que tem “vivido com grande dificuldade” e que teve de “deixar de pagar certas coisas como as letras ao banco”.

Entretanto também a Junta de Freguesia do Montenegro lançou apelo para ajuda aos pescadores da Ilha de Faro. Steven Piedade, presidente da Junta de Freguesia do Montenegro, solicitou através da rede social Facebook que a população colabore com a entrega de bens alimentares de primeira necessidade e roupas naquela autarquia.

A Câmara de Faro iniciou também nos últimos dias a reposição de areia e a colocação de rochas junto às casas dos pescadores da Ilha de Faro mais ameaçadas pelo mar.

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