Aumento do desemprego faz crescer a tensão nas localidades junto à fronteira sírio-libanesa
Henrique Matos, enviado da Agência ECCLESIA ao Libano, com Tiago Azevedo Mendes
Bekaa, Líbano, 21 out 2015 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa está a visitar o Vale de Beka, no Líbano, a poucos quilómetros da fronteira com a Síria, para acompanhar o trabalho desenvolvido pela sua congénere libanesa junto dos refugiados que se encontram no país.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, e João Pereira, responsável pelas Relações Internacionais, estão a contactar os projetos desenvolvidos pela Cáritas Libanesa para responder às necessidades mais urgentes dos refugiados, que não param de chegar.
Os números da Cáritas local apontam para um milhão e meio de refugiados que, neste momento, se encontram no Líbano, um número que assume proporções dramáticas uma vez que o total da população libanesa é de 4 milhões de habitantes.
Bruno Atieh, diretor do Centro de Migrações da Cáritas do Líbano, afirma que “a situação é muito difícil” e que a hospitalidade dos libaneses se está a “esgotar”, reconhecendo a existência de um “clima de tensão” que cresce à medida que o desemprego aumenta entre a população local, agravado pela contratação de mão-de-obra síria mais barata.
A Cáritas do Líbano apoia todos os refugiados que chegam ao país, 90% dos quais são muçulmanos, através da assistência médica, distribuição de agasalhos e proteção psicossocial.
Parte significativa da ajuda da Cáritas Libanesa destina-se ao apoio de aluguer de habitação e em vouchers de alimentação, uma vez que no Líbano as autoridades não autorizam a criação de campos de refugiados, que se têm de se integrar em habitações ou terrenos com contrato de arrendamento.
Os responsáveis da Cáritas referem que entregar vales alimentação é “menos discriminatório” do que a distribuição direta de alimentos, estimulando, ao mesmo tempo, a economia local uma vez que têm de ser descontados no comércio libanês.
O presidente da Cáritas Portuguesa e o responsável pelos projetos internacionais estão a acompanhar no terreno as necessidades dos refugiados para verificar a forma mais eficaz de apoiar a Cáritas local nesta missão de auxílio.
A campanha Dez Milhões de Estrelas, que a Cáritas Portuguesa promove todos os anos por ocasião do Natal, destina em 2015 35% do montante apurado à Cáritas do Líbano para os programas de apoio aos refugiados, sendo os restantes 65%, como é habitual, para as Cáritas diocesanas e os projetos que desenvolvem em Portugal
Eugénio Fonseca e João Pereira representam também, nesta deslocação, a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), uma organização da sociedade civil que surgiu em Portugal para criar mecanismos de ajuda aos refugiados.
A PAR tem em curso a campanha "PAR Linha da Frente" com o objetivo de recolher fundos para ajudar os refugiados que se encontram no Líbano, junto à fronteira com a Síria.
HM/PR