A confederação internacional da Cáritas deu voz à “pior crise humanitária do mundo”, no Darfur, publicando depoimento e histórias dos sudaneses que se encontram amontoados em campos de refugiados nesta região ocidental do país. Na página oficial do organismo são apresentados testemunhos do Campo de Otash, onde se descrevem “dor, sofrimento, medo e mágoa”. “Vivemos como animais, as nossas vidas estão destruídas”, relata Abdall Karim. O choro de crianças desnutridas serve de pano de fundo à história de Abdall, cuja família foi atingida pelas milícias Janjaweed. “Eles mataram muitos membros da nossa família: primeiro vieram as metralahdoras, depois os Janjaweed em cavalos e camelos”, descreve. Os deslocados internos no país, como Abdall, deixam histórias de verdadeiro terror sobre aldeias atacadas, crianças queimadas vivas, jovens violadas e rapazes raptados. Perto de 50 mil pessoas já morreram desde Fevereiro de 2003 3 mais de 1,2 milhões de sudaneses fugiram das suas casas no Darfur. Perto de 5 mil famílias deslocaram-se para o seco deserto de Otash, a poucos quilómetros da cidade de Nyala, a capital do Darfur do sul. A ONU e várias ONG’s estão a tentar responder às necessidades dos que mais precisam. Abdall explica que não pode regressar a casa, ao contrário do que o governo sudanês pretende. “Eles (as milícias Jajaweed) vão matar-nos. Aqui, por outro lado, que vida poderemos ter?”, interrogam-se Abdall e a sua mulher, que querem dar a conhecer ao mundo as atrocidades que vive o seu povo. As organizações cristãs de assistência no terreno continuam a levar em frente a Resposta de Emergência Conjunta (ACDER) da Caritas Internationalis e da “Churches Together International”, oferecendo ajuda médica e alimentar. Até agora, duas entidades locais têm ajudado a distribuir abrigos, cobertores, panelas, mosquiteiros e artigos de higiene a perto de 50 mil pessoas em muitos campos do Darfur. Nalguns campos de refugiados já foram construídas escolas e centros de saúde, além de poços e instalações sanitárias. O início da sessão das chuvas, contudo, aumenta os riscos de doença.
