A Cáritas Portuguesa promove este ano pela primeira vez as Oficinas de Verão, que o seu presidente descreve como “tempo de estudo sobre temáticas sociais, à luz da Doutrina Social da Igreja”. “Constatámos em diversas ocasiões e circunstâncias o desconhecimento dos cristãos relativamente à Doutrina Social da Igreja e às problemáticas diversas das questões sociais, mas ainda não se fez o necessário para colmatar esta lacuna”, refere Eugénio da Fonseca à Agência ECCLESIA. Esta responsável aponta as instituições de formação mais especializadas, como escolas de leigos diocesanas ou a própria Faculdade de Teologia, como o local onde esta formação social deveria ser ministrada. “Quando existem abordagens nesta linha, elas são residuais e arrisco-me mesmo a dizer que nalgumas escolas diocesanas não existe nenhuma abordagem”, lamenta. A decisão de arrancar com umas Oficinas de Verão não pretendeu, contudo, preencher esta falha, mas “chamar a atenção para esta necessidade e ajudar a remediar alguns dos problemas que o desconhecimento das questões sociais traz”. “Não estamos a falar de uma acção de sensibilização, porque para isso existem as semanas de pastoral social, seminários e colóquios, embora aqui a abordagem pastoral esteja presente”, elucida. A iniciativa desenrola-se desde o passado dia 19 de Julho e até ao próximo Domingo, com 2 módulos de reflexão: “A Exclusão social, novo rosto da pobreza” e “Doutrina Social da Igreja, hoje”. A escolha desta época do ano prende-se com uma maior disponibilidade por parte dos participantes. A intenção da Cáritas Portuguesa foi abrir as portas a todos, segundo Eugénio da Fonseca. “As Oficinas estão abertas mesmo a quem não tem actividades pastorais nesta área, a quem não é cristão praticante ou a quem não seja cristão, mas queira conhecer os ensinamentos da Igreja”, revela. A avaliação desta primeira iniciativa é muito positiva, mesmo admitindo que o início “foi algo tímido”. “A participação de perto de 50 pessoas nos dois módulos deste ano – número que esperamos vir a aumentar – já esteve acima das nossas expectativas. Estamos a ver que a evolução desta iniciativa irá exigir uma parceria muito estreita entre a Cáritas e as instâncias de ensino reconhecidas pela Igreja”, afirma Eugénio da Fonseca. “Mesmo que as instituições de formação da fé viessem a assumir esta lacuna, as Oficinas continuariam a ter o seu lugar, como espaço de formação contínua e de reciclagem”, assegura. Sobre o futuro das Oficinas de Verão, o presidente da Cáritas Portuguesa não tem dúvidas: “é uma actividade que é para continuar”. A edição de 2004 conta com a colaboração da Cáritas espanhola, com um perito do país vizinho a ser responsável pelo primeiro módulo.
