Cáritas aposta em Portugal

O contexto do país é aquele que já todos conhecemos. Palavras como “austeridade”, “despesa” ou “crise”. Conceitos como “divida”, “mercados” ou “taxas”. Um conjunto infindável de estrangeirismos económico-financeiros como “subprime”, “ratings” ou “eurobonds”. Tudo isto entrou de forma avassaladora na vida dos portugueses ao mesmo tempo que chegou a atenção e a intervenção de um olhar externo trazido pela “troika”. Os portugueses habituaram-se a ouvir falar do seu país como “lixo” e os efeitos de tudo isto na autoestima da nação estão à vista.

“As pessoas estão excessivamente deprimidas e resignadas”: Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa justifica desta forma a iniciativa desta instituição ao surpreender o país com uma mensagem de força e encorajamento trazida a público pela voz e imagem de Nicolau Breyner, um dos atores mais reconhecidos no nosso país.

O futebol foi, uma vez mais, um elemento de união entre todos os portugueses e, por isso, o início do jogo Portugal-Espanha, nas meias-finais do Euro2012, foi o momento considerado oportuno para uma mensagem que quis transpor para o contexto social, económico e politico o espírito de unidade e orgulho nacional despertado pelo futebol. “É uma hora em que as pessoas deixam os interesses ideológicos, cooperativos e de poder e que nos galvaniza para a defesa dos interesses nacionais”, afirma Eugénio Fonseca.

A Cáritas Portuguesa sublinha, assim, a capacidade de mobilização de todo um Povo para ultrapassar as mais difíceis barreiras, recordando, numa alusão à atual crise económico-financeira, que este jogo só agora começou, mas que a aposta é em Portugal. “Somos uma equipa formada por 10 milhões de portugueses e quando nos juntamos somos capazes de fazer história”.

Se do ponto de vista da solidariedade a participação dos cidadãos não deixa de surpreender, mostrando a sua vontade e a capacidade de ajuda e entreajuda, já quando se fala de intervenção e de compromisso em soluções estruturais as pessoas sentem-se pouco motivadas para a participação havendo mesmo descrédito nas vantagens da intervenção cívica. Contribuir para que se inverta este sentimento é o desejo da Cáritas Portuguesa ao promover esta iniciativa.

O spot televisivo com alcance nacional nas várias plataformas de comunicação hoje ao dispor de todos os portugueses, transformou-se rapidamente num “vírus” que se infiltrou potenciando a sua mensagem. Foi uma chamada de atenção no sentido de envolver todos os portugueses, independentemente das suas responsabilidades e níveis de intervenção, numa solução conjunta que recupere a autoestima do país e o coloque num caminho de esperança, cabeça erguida! “Trata-se um voto de confiança nos portugueses que vai muito além do desfecho de um jogo de futebol”, refere Eugénio Fonseca, recordando que Portugal enfrenta um dos mais complexos desafios da sua História.

Para a Cáritas é também a aposta numa nova linguagem, utilizando os instrumentos comunicativos que estão hoje ao dispor, para transmitir a sua mensagem que é essencialmente uma mensagem positiva de confiança e esperança e que salvaguarda, sempre, os interesses e os direitos dos que mais precisam e que são hoje as “vítimas” de políticas económicas desajustadas.

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