Cáritas aponta injustiças na austeridade

Conclusão faz parte do relatório «A crise europeia e o seu custo humano», apresentada pela organização católica

Atenas, 27 mar 2014 (Ecclesia) – A Cáritas Europa apresentou hoje, na Grécia, o segundo relatório de acompanhamento da crise intitulado ‘A crise europeia e o seu custo humano’, alertando para “injustiça da atual situação” que vitima os mais pobres.

“Neste relatório sai reforçada uma das tónicas já evidenciadas no primeiro e que aponta para a injustiça da atual situação em que são os contribuintes, a maioria deles já em condições de fragilidade económica, a pagar por uma crise que tem a sua raiz no setor financeiro”, pode ler-se num comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela organização católica.

A opção pela austeridade é outro dos pontos assinalados neste relatório que alerta para o facto de esta não poder ser encarada “como única solução, por si só, por não chegar para resolver as causas estruturais da crise nem os problemas imediatos dela resultantes”.

Em relação a Portugal, o relatório retoma preocupações já veiculadas no primeiro documento e faz uma análise, tendo em conta a situação existente até final de 2013.

“É óbvio que algumas das preocupações evidenciadas vão poder já ter sofrido ligeiras alterações, contudo, destaca-se: o aumento galopante da dívida pública que, em 2012, foi o maior da União a Europeia a 27; o apoio à recapitalização do setor bancário não se refletiu na economia real (persiste a falta de acesso ao crédito das PME); a atividade económica só começou a dar sinais positivos nos finais de 2013, ao contrário do que se anunciava”.

O relatório recorda ainda “a instabilidade política vivida no verão do último ano que gerou reações menos positivas nos mercados e a forma como se tem procurado alcançar as metas do programa da troika, em particular, o forte aumento tributário e os cortes salariais e nas pensões de reforma, entre outros”, como questões preocupantes quando se analisa o crescimento económico do país.

Os signatários do relatório deixam algumas recomendações, das quais se salientam a necessidade de “trabalhar com os Estados Membros para que eles introduzam iguais indicadores a nível nacional; garantir a introdução de um rendimento mínimo em toda a União Europeia; disponibilizar fundos específicos para contrariar o elevado desemprego jovem, combatendo também os desafios com a mobilidade deste grupo etário; incentivar a economia social e apoiar o crescimento económico e garantir uma maior participação da sociedade civil nos processos de conceção, incremento e avaliação das políticas a vários níveis”.

A Cáritas Europa endereça também alguns conselhos para os governos e autoridades locais que passam pelo “fortalecimento dos sistemas de proteção social; pelo investimento em serviços básicos de qualidade e introdução de uma avaliação de impacto social; pela criação de um quadro máximo de impostos para aqueles que não têm  possibilidades de pagar mais e pelo combate à evasão fiscal e a economia paralela”, entre outros.

Por último este relatório apela a que “os cristãos católicos, por toda a União Europeia assumam o desafio de aplicar na sua vida e na esfera das suas influências os princípios da Doutrina Social da Igreja não excluindo outras opiniões, dialogando com outras confissões religiosas e partilhado os mesmos ideais com todas as pessoas de boa vontade”.

MD

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